A indicação do nome do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) para embaixador do Brasil nos Estados Unidos é uma das variáveis da crise no setor de comunicação do Palácio do Planalto. Os profissionais da mídia que têm acesso à Secretaria de Imprensa não se cansam de advertir que a ida do 03 para Washington será um dos maiores desastres de imagem que o Brasil vai ter de carregar.
Entretanto, pega mal tocar no assunto com o presidente Jair Bolsonaro. Aí o problema. Expulse o mensageiro.
Na América do Norte e, também, na Europa Ocidental, as canetas ferinas da imprensa estão afiando as penas para cobrir o que se espera seja a atuação do futuro embaixador brasileiro junto à Casa Branca. Será um conveniente e indefeso saco de pancadas.
É isto que seria um temor do general Rêgo Barros, porta-voz da Presidência da República, duramente atacado pelos arautos do situacionismo, o vereador Carlos Bolsonaro e o deputado federal Marcos Feliciano (Podemos/SP). Talvez cada qual dos adversários do general tenha motivações diferentes, mas o efeito é o mesmo: os dois querem 03 longe de Brasília.
Entretanto, lançá-lo no turbilhão político-partidário de Donald Trump em ano eleitoral na terra do Tio Sam será uma operação de alto risco. O representante diplomático do Brasil vai atrair fogos amigo e inimigo. Afinal, não sendo americano, é alvo livre para tiro de todos os calibres.
Com as últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro atacando de frente todos os mantras politicamente corretos, Eduardo pode se converter no alvo preferencial de adversários do presidente Donald Trump durante a campanha eleitoral que se aproxima nos Estados Unidos. A pergunta: que fará o presidente norte-americano quando a imagem desastrosa do filho de seu parceiro brasileiro desabar sobre ele?
A dúvida é o quanto Donald Trump estaria disposto a segurar, antes de alijar esse pesado aliado ao mar. A percepção dos marqueteiros é que o peso de todas as polêmicas de origem norte-americana que se implantaram no Brasil serão reativadas: índios, mulheres, LGBT, desmatamento, fundamentalismo religioso.
Admirador acrítico de seu próprio filho, o presidente estaria surdo às advertências de sua assessoria. Esse seria um dos temas a provocar o desgaste do porta-voz. No final, Rêgo Barros pode ser mais um general a esvaziar as gavetas.