Depois de três meses passeando pelas ruas de Miami, nos Estados Unidos, parece que finalmente Jair Bolsonaro voltará ao Brasil. Se vai ou não assumir o papel de líder da oposição ao governo Lula como esperam os aliados, aí é outra história. Coincidência ou não, o ex-presidente chegará na véspera do aniversário de 59 anos do golpe militar de 64 e certamente não deixará a data passar em branco.
O capitão também aproveitará a ausência do presidente Lula do país, que se encontrará em viagem oficial à China, para sondar como anda a popularidade depois de ter deixado poder. Se seguir o conselho de aliados, vai explorar ainda mais as levianas falas do petista, que desmereceu o anúncio feito pelo ministro Flávio Dino, da Justiça, de que a Polícia Federal desmontou um plano do PCC de sequestrar e matar autoridades, entre as quais o senador Sérgio Moro. Lula disse que esse plano foi armação do ex-juiz da Lava Jato.
As declarações do presidente não soaram bem nem mesmo entre os aliados. Causou mal-estar junto à Polícia Federal e desmoralizaram Flávio Dino. O resultado das falas impensadas refletiu na popularidade do petista, conforme o Instituto Quaest, que monitora as redes sociais. De acordo com a pesquisa desta semana, Lula chegou a ter 80% de menções negativas contra apenas 20% de menções positivas, numa reversão ao que vinha se verificando desde o início do seu governo, principalmente após o 8 de janeiro.
O presidente deu brecha para que os bolsonaristas aproveitem o episódio para derrubar ou pelo menos travar a proposta do governo de regular as redes sociais. Na avaliação da oposição, ao propagar fake News e discurso de ódio contra um senador, o presidente da República perde as condições de levantar essa bandeira. Esse será apenas o primeiro round dos embates entre os dois lados.
Apesar dos desgastes com a tentativa canhestra de golpe do dia 8 de janeiro e do escândalo dos presentes – joias e armas – da ditatura Saudita, os aliados de Bolsonaro querem mostrar que seu nome ainda tem peso político.
Ao devolver os presentes sauditas por livre e espontânea pressão do Tribunal de Contas da União (TCU) nesta sexta-feira (24) – joias enviadas à Caixa Econômica Federal e armas à Polícia Federal – Bolsonaro, apesar de ter assumido ter devolvido as armas com “dor no coração”, espera encerrar o escândalo e ganhar folego para os próximos meses.
O problema é que o maior embate de Bolsonaro nem será contra o presidente da República, mas com o Judiciário. Começando pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde responde a uma penca de processos que podem deixá-lo inelegível e cujo presidente é ninguém menos que o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
A conferir.