Em uma entrevista concedida ao site Tutaméia , a Monja Coen, que vem desenvolvendo um importante trabalho de divulgação do budismo e de nossas práticas meditativas milenares para aprimorar a força da compaixão por uma vida melhor, alertou a todos dos riscos da ganância e do egoísmo destruírem tudo nesta pandemia. Tudo, no caso, é a chance de despertarmos para a interconexão da existência e para a utopia de uma consciência mais elevada, para além do medo da doença e da morte. Como monge da tradição Shin, também baseada nos ensinamentos do Buda histórico e tantos outros que se iluminaram com o Outro Poder, isto é, com as relações que nos fazem perceber, refletir e nos iluminar, compartilho inteiramente com os pontos de vista dela.
Nos últimos 50 anos, alcançamos a abundância infinita graças ao avanço científico e tecnológico capitalista. Mas esta é também uma era de grande miséria porque prevalece num tempo dotado dos meios para que a prosperidade fosse melhor compartida. Por isso, como monges, cabe-nos a missão de cuidar para que as mudanças que foram decididas rapidamente, no sentido do bem comum como emergenciais, não recuem após a passagem desta pandemia, pois, como assinalou o escritor Albert Camus, no seu mais famoso livro, escrito em 1947, “A Peste está dentro de todos e ninguém é imune”. Este alerta chama a atenção de que a ameaça da peste pandêmica também incorpora o fator espiritual necessário para o avanço civilizatório – não meramente econômico, social, institucional ou político. Espírito é o que dá vida à vida.
A crise causada pelo coronavírus, certamente, já está nos favorecendo com alguns ensinamentos. Aliás, seguindo o próprio sentido da palavra crise – risco e oportunidade. Há poucos dias, estávamos insatisfeitos com uma série de circunstâncias e condições da vida. Hoje, pelas restrições e cuidados a que estamos submetidos, provavelmente olhamos para ela com outra perspectiva, talvez com mais discernimento e gratidão.
“Se não soubermos nos satisfazer com o que temos, viveremos eternamente sem paz de espírito”. Esta assertiva, de budista desconhecido, não é, como pode parecer, uma mensagem de conformismo, um conselho para aceitar as suas atuais condições e não buscar dias melhores. Muito menos é uma declaração de que as coisas são imutáveis e, sendo assim, de nada valeria tentar mudar, evoluir, melhorar. Pelo contrário.
A primeira condição primordial da vida, segundo o budismo, é a impermanência. Tudo muda, nada permanece. Por isso mesmo, não devemos nos aferrar tão fortemente a nada. Da mesma forma que não podemos manter ou aprisionar para sempre as coisas boas que já possuímos, não devemos maldizer o que temos porque é insatisfatório neste momento presente. Podemos sonhar, podemos desejar, mas sem maldizer o nosso presente. O que temos hoje deve ser bom para o dia de hoje, ainda que a gente deseje algo melhor para o dia de amanhã. Aprecie a sua vida e o seu dia, no dia de hoje.
Convido a todos a se conectar com a luz do Buda, que nos traz coragem para enfrentar a vida tal como ela é; a lucidez de compreender e a alegria de superar as causas e condições do nosso sofrimento, com o pensar em nós mesmos e nos nossos semelhantes, em especial naqueles que são ainda vulneráveis, expostos não só à epidemia, mas também à quebra de seus negócios, ao desemprego, à fome, à insegurança e à falta de perspectivas. É hora de meditar e confiar na transformação e na iluminação de todos os seres. Se não nos libertarmos nesta vida, quando isso ocorrerá? Neste momento, podemos e devemos transcender tanto ao medo da Covid-19 nos infectar e levar para a Terra Puro nossos entes queridos, quanto do futuro econômico.
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