A revista Veja deste final de semana publica uma série de reportagens com análises da pesquisa exclusiva sobre as eleições presidenciais realizada pelo instituto Ideia Big Data, em parceria com a revista. O título de abertura dos textos é “A ameaça é real”, em referência à possibilidade de o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, estar praticamente com um pé no segundo turno e com chances concretas de ser eleito presidente da República.
A publicação compara a pesquisa do Ideia Big Data com dados de levantamentos do Datafolha, para chegar à conclusão de que, ao contrário do que muitos esperavam, Bolsonaro mantêm-se firme na disputa e vem crescendo nas intenções de votos nos últimos meses. O texto justifica que a comparação entre essas pesquisas é
Boa parte dessas análises está em linha com o que escrevi em relatório mensal para meus clientes, distribuído na sexta-feira, antes da Veja chegar às bancas (leia abaixo).
O que me chamou a atenção na Veja foram três pontos externados nessas
1) Em certo trecho da reportagem sob o título “…E não era bolha”, a Veja informa que:
“A preferência pelo deputado, medida pelo voto espontâneo, exibe crescimento consistente desde o início do ano. Há um ano, ele contava com 8%, de acordo com o Datafolha. No mesmo período, Lula marcava 15%, mas caiu para 13% em abril, depois de ser preso. A volta do petista para o patamar de 17%, afirma Maurício Moura, diretor do Ideia Big Data, pode ser atribuída às recentes movimentações de membros do Judiciário em favor de sua soltura. ‘Qualquer evento que envolva mais ruidosamente o ex-presidente aciona a memória e a convicção de sua base eleitoral’, diz”.
O último Datafolha, que foi a campo entre os dias 6 e 7 de junho, mostrou Lula com 10% na pesquisa espontânea. Já na do Ibope, realizada entre 24 e 28 de junho, o líder petista teria 21%. Tecnicamente não é possível comparar diretamente o Ibope com Datafolha e o Ideia Big Data, exatamente em razão das diferenças metodológicas e de questionários. Mas, seguindo o raciocínio apresentado acima, poderia causar estranhe
“Geraldo Alckmin, institucionalmente o político mais vitorioso das últimas semanas ― conseguiu atrair para sua órbita os disputados partidos do Centrão e, com eles, gordos sete minutos e meio de propaganda eleitoral na TV ―, ainda não pôde ver a conversão desse movimento em intenções de voto.”
O Centrão anunciou informalmente o apoio a Alckmin em 19 de julho; só formalizado no dia 26. A pesquisa do Ideia Big Data foi feita entre os dias 20 e 23 de julho. Será que seria possível já captar alguma conversão desse movimento em intenções de voto? Ainda mais com tanto desinteresse, desconexão e falta de informações por parte da maioria do eleitorado?
“Em mais uma prova do fastio do eleitorado com a política e os políticos, 73% dos entrevistados disseram não se identificar com nenhum partido (a legenda com maior preferência, chegando a 15% do eleitorado, continua sendo o PT). Mas a disputa eleitoral mantém-se aberta: 43% dos eleitores não têm candidato ainda. Não é um porcentual alto, os indecisos já foram mais volumosos em outras eleições, mas 43% são o suficiente para mudar o jogo todo.”
Sem dúvida tudo ainda pode mudar. Mas convenhamos, 43% indecisos, a pouco mais de dois meses das urnas,pode ser considerado um índice baixo? Em julho de 2014, os números eram bastante semelhantes. Mar
Por fim, as reportagens da Veja me remeteram a um artigo que publiquei neste espaço em 7 de junho, com o título “Quem tem medo de Jair Bolsonaro?“. Vale a pena reler. De lá para cá, ao que parece, esse temor só fez crescer.
Clique aqui para ler o Relatório Mensal da ICM Consultoria.
Ibsen Costa Manso