Faz um mês, nesta segunda, 07, que o ex-presidente Lula entregou-se e foi recolhido a uma cela, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Foi condenado, em segunda instância, a 12 anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Preso, manteve-se em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos para as eleições de outubro, mostrando que seu patrimônio eleitoral persiste — e que no mínimo será o grande eleitor desta campanha atípica.
O quadro político-eleitoral, ao contrário do que muitos supunham, se mexeu pouco – e justamente porque Lula está quieto. Ciro Gomes quase foi o personagem do mês, mas o flerte de um pedaço do PT com o candidato do PDT foi ofuscado pela ala que o trata como impalatável. E considera falar em Plano B agora uma heresia. A união da esquerda no primeiro turno segue como lenda urbana. Joaquim Barbosa, que pode sair pelo PSB, ainda brinca de avestruz com o eleitor. Há quatro anos ausente da vida pública após se aposentar no Supremo, é uma esfinge política. Ocupa o lugar de que Luciano Huck abdicou. Jair Bolsonaro segue como o urubu esperando a carniça. Não porque goste, mas porque é o que lhe sobra. Os demais pré-candidatos entraram em alguma névoa de desimportância.
Como na brilhante capa da última edição da revista Piauí – desenho da artista russa, que vive da Armênia, Nadia Khuzina -, Lula é o imenso elefante na sala de 15 metros, onde qualquer movimento seu pode mudar tudo. Todos são incapazes de tirar o elefante dali.
Durante o período de prisão, Lula tem transmitido diversas mensagens à militância, sempre com o mote da resistência. Dessa vez, o principal recado veio por meio do amigo, o teólogo Leonardo Boff, que conseguiu ser recebido nesta segunda depois de ter sido impedido no último dia 19 de março. “Sou candidatíssimo”, disse Lula, segundo Boff.