Quem lê o título dessa matéria enxerga logo a vergonhosa defesa do indefensável na CPI da Pandemia. É um festival de mentiras que nem os habeas corpus do STF evitam que os acusados ali ouvidos, em um show de contradições, não se incriminem e nem consigam salvar os superiores com evidente culpa no pedaço. É um jogo de perde e perde. Ninguém ganha com tantas falsidades em tamanha tragédia.
A cada depoimento, em especial os escalados para a defesa, como o ex-ministro Eduardo Pazuello e a secretária do ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a capitã cloroquina, pelas escancaradas contradições, o governo Bolsonaro fica mais enrolado.
Mais que as evidentes fragilidades nessa defesa suicida chama atenção uma política que perpassa todo o governo. Do combate à corrupção à defesa do meio ambiente e da cultura — alvos de destruição alimentada por fake news de milícias digitais bancadas pelo grupo que dá as cartas no governo Bolsonaro.
Nada ali é por acaso. Nenhum dos crimes é mero acidente. Por mais que Jair Bolsonaro e seu clã inventem álibis, pretextos e desculpas para justificar o que foi descoberto, alguns fatos estão escancarados para qualquer investigação. Na seara da pandemia, são óbvios. Os mais graves chamam atenção internacional.
Os crimes no meio ambiente, por exemplo, são cada vez mais evidentes. Que o ministro Ricardo Salles e sua trupe, seguindo a batuta de Jair Bolsonaro, estavam fazendo uma boiada maluca atropelar a Amazônia todos já sabiam. Inclusive sobre seus estragos. Era avaliado, aqui e lá fora, como uma visão equivocada.
Discutia-se sobre visões distorcidas na amazônia até que a casa caiu. Primeiro por investigações da Polícia Federal. O que descobriu a equipe comandada pelo superintendente da PF no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva — até então tido como parceiro da família Bolsonaro — pôs no chão a casa bolsonarista na Amazônia. A parceria com investigações nos Estados Unidos deu um upgrade nas suspeitas. Simplesmente virou crime de corrupção.
A Lava Jato costumava manter esse tipo de crime no foco. Depois que a derrubaram e a enterraram, tudo voltou à velha e impune normalidade. Como sempre, o que aqui se descobre sobre poderosos deveria ficar pelo caminho. Mas, nesse caminho, há servidores e investigadores públicos, conscientes de suas funções, que não se submetem às bandalheiras desse governo nas instituições públicas civis e militares.
O que se espera são as consequências. As punições de Pazuello por seus colegas de caserna, inclusive com sua ida para a reserva, e a todos que no Palácio do Planalto bancaram essa aposta maluca. Esses são os principais responsáveis. O líder de todas essas aventuras loucas é o presidente Jair Bolsonaro.
Com todos preços que ele vem pagando, por mais que mereça, não corre risco de impeachment. Cabe as urnas que ali o levaram, tirá-lo de lá.
A conferir.