O general Hamilton Mourão vai às guerras. Não para dar tiros, mas para celebrar a paz. Um gesto oportuno neste momento em que, pelas chancelarias do mundo, desconfia-se dos ímpetos bélicos do novo governo brasileiro.
Na sua viagem à China, no fim do mês, o vice-presidente vai fazer escalas no Líbano e na Itália para cerimônias militares. A viagem ao Oriente Médio e à Europa reabre um projeto de diplomacia presidencial, interrompido em 2016.
FEB
Na Itália, no momento em que se estuda a inclusão do País na organização que congrega os países mais poderosos do mundo, a OCDE, Mourão vai lembrar aos países adiantados que o Brasil esteve com suas forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), com sua bandeira e seus soldados integrando as Nações Unidas (então a denominação de uma coalizão militar depois convertida em entidade multilateral) no front da guerra contra o Eixo (a coalizão inimiga, derrotada).
Foi o primeiro vagido de uma nova potência de relevância mundial, então ainda uma pequena economia de monocultura (café e minério de ferro, basicamente), emergindo dos confins do mundo. Atualmente é a oitava e uma das mais diversificadas economias do Planeta. Aquela minúscula força multiplicou-se simbolicamente.
No fim do conflito, a delegação brasileira sentou-se numa cadeira fundadora da ONU como potência vencedora da guerra.
Este lembrete será exposto numa cerimônia no antigo cemitério da Força Expedicionária Brasileira, a FEB, o Monumento Votivo Militar Brasileiro, em Pistoia, na Toscana, onde repousa o soldado desconhecido brasileiro (morto não identificado). É uma mensagem significativa.
Unifil
Já no Líbano, Mourão passa uma mensagem aos inquietos países da América Latina e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tenta aliciar o brasileiro Jair Bolsonaro para uma pressão militar efetiva sobre a Venezuela.
No Oriente Médio, uma região de conflitos múltiplos, envolvendo grandes potências, além dos países da região e as inúmeras forças políticas beligerantes disseminadas, o Brasil lidera uma força de paz, a UNIFIL, Força Interina das Nações Unidas no Líbano.
Esta é a mensagem: o País assegura um dos pequenos recantos pacíficos naquela vasta região conflituosa.
O comandante em chefe da UNIFIL é o contra-almirante Luiz Henrique Caroli e tem na fragata brasileira União a na
u capitânia da Força-Tarefa Marítima, com oito embarcações de guerra e 800 militares de 33 países.
Missões no exterior, só de paz
Esta seria a expressão, neste momento, da presença de tropas brasileiras no exterior. De 1948 até hoje, o Brasil já mandou efetivos para 30 missões, empregando um total de 17 mil homens.
Ou seja: o Brasil não se omite, mas só age fora de suas fronteiras em mandato de organismos internacionais. Este seria o sentido de um vice-presidente aparecer nesse cenário.
Internamente, no Palácio do Planalto, seria um movimento no sentido de “virar a página”, proposto pelo presidente Bolsonaro, para acalmar o conflito entre as alas ideológica e militar de seu círculo palaciano. É preciso ainda conferir se o guru Olavo de Carvalho vai entender o sinal de bandeira branca e botar água fria na fervura.