Algumas vezes a explicação se torna mais complicada. Nunca consegui perceber o porquê de alguém sem bermuda ficar mais sério. Sempre pensei que era melhor estar vestido, do que estar sem nada ou de calção, corpo aberto no espaço. Onde o pano de chão de giz é de linho, que a pouco, no campo inda era flor, de seda invisível, retalho de cetim. Quem me dera ao menos uma vez explicar o que ninguém consegue entender. Quem me dera. Que mais tem de acontecer no mundo para que eu possa cantar: “…Quem me dera/Abraçar-te no outono, verão e primavera/Quiçá viver além uma quimera…”.
Se, muitas vezes, o sentido perde completamente a noção da hora, muita gente canta jogando tudo fora. É um troca-letras danado que nos faz perder a razão. Será mesmo o poeta um fingidor? Cláudio Zoli, em noite de prazer, passou a madrugada com a vitrola rolando um blues trocando de biquini ou tocando B.B. King? Roupa nova, num “Whisky a Go-Go”, perguntava em holandês “Do You Wanna Dance”? Não era o Johnny Rivers que questionava “…Tell me that I’m your man/Baby, do you wanna dance?…”. Isso não é inglês? Cós’diabos alguém pode achar que da terra mater de Rembrandt alguém quer dançar?
Quem sabe, “Nossos Pais” fritavam os filhos e você que é malpassado e que não vê que o novo sempre vem. Por supuesto o Rei Mago não pensava assim. Amava o passado com as coisas que aprendeu nos discos. A eterna Cássia e seu príncipe que “…virou um sapo, que vive dando no meu saco…”. Os príncipes viram sapos e vice-versa. Qualquer conto de fadas, até o português da piadinha do motel e o nome sugestivo, sabe disso, mas dar no saco depois de sapo? Quem ‘dá no saco’ é um chato de galochas: “…o príncipe virou um chato, que vive dando no meu saco…”. Precisamos de mais malandragem.
Amarelo deserto e seus temores. Temo amar esse deserto djavaniano, para não entrar de caiaque em navios, muito menos pelo cano marinheiro. Descascar batatas não é meu forte. Também não quero fazer amor na madrugada com jeito de pirata, canguru perneta. Prefiro de virada, terra dourada, na verdade adorada.
Como não nasci há dez mil anos (atrás) e tenho a letra ‘A’ em meu nome, vejo o mel desses olhos luz castanhos tamanhos, mel de cor ímpar, de mar, águas-marinhas, átomos que dançam na madrugada, reluzente neblina, cor de romã, açaí guardiã, sabor das massas e das maçãs, porque quem gosta delas, irá gostar de todas.
Quero ver as águas do rio correr, assim no infinitivo, pasqualizando corretamente.
Gente, espelho da vida, doces mistérios mil, coração do meu Brasil!