Os dois líderes fizeram discursos no dia 7 de setembro milimetricamente medidos. A fala do ex-presidente Lula passou pelo crivo de uma dezena de correligionários, examinado com lupa, palavra a palavra, até chegar ao texto final, entregue à pena do escritor Fernando Morais. Inseridos no contexto, há vários recados aos petistas e a simpatizantes, conduzindo no sentido da ampliação das forças de oposição, admitindo sua candidatura para soldar um consenso nesse sentido.
Já o presidente Jair Bolsonaro, embora seu pronunciamento não tenha repercutido tanto, também foi dissecado por uma equipe que ponderou cada vocábulo. Mesmo esmaecido e desqualificado por analistas, chama atenção a ênfase a uma ideologia de 150 anos das Forças Armadas, quando ele fala de diversidade. Desde a guerra do Paraguai que o Exército rompeu com o escravismo, e, na Marinha, como no mundo inteiro, desde sempre, nos tombadilhos nunca houve racialismo. Dali em diante a força terrestre passou a recusar missões da captura de escravos fugidos.
O capitão Bolsonaro cita a Força Expedicionária Brasileira, pois a FEB constituiu o único exército dentre todos os combatentes no conflito mundial, dos Aliados ou do Eixo, a se apresentar com unidades etnicamente miscigenadas, compostas por oficiais e soldados de todas as origens e cores, oriundos de africanos, indígenas, europeus nórdicos e mediterrâneos, árabes, judeus e asiáticos, o segundo-tenente Massaki Udihara, nissei paulista do 6º®RI. Detalhe importante.