A ministra Cármen Lúcia carimbou nessa sexta-feira (30) a inelegibilidade de Jair Bolsonaro durante 8 anos. Como era previsível, o placar final foi uma goleada de 5 a 2 contra o ex-presidente da República. Ser barrado das próximas eleições é o menor problema de Bolsonaro, que não esconde o medo de que nas próximas rodadas possa ser condenado pelo STF a passar um bom período na cadeia.
Com base nos precedentes de Lula e Michel Temer, a previsão do coronel do Exército Jean Lawand Júnior de que a punição seria cumprida no presídio da Papuda não deve se confirmar. O mais provável é que seja em algum quartel da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros. O que não falta são motivos para a condenação na penca de inquéritos sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Já condenado pelo STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Fernando Collor deve ir antes pra cadeia.
A expectativa entre os investigadores é que a situação de Bolsonaro ficará ainda mais complicada quando revelados os novos conteúdos encontrados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, o faz tudo do ex-presidente da República. Assim como na investigação do FBI sobre a participação do ex-presidente Donald Trump no ataque ao Capitólio, avaliado como o inquérito capaz de barrar uma nova candidatura dele à Casa Branca, o tendão de Aquiles de Bolsonaro é o que a PF apura sobre a tentativa de golpe de Estado para melar a eleição de Lula.
Mas outros inquéritos, como o das milícias digitais, podem resultar em punição a todo o clã Bolsonaro. Aliás, essa possibilidade é um pesadelo de Bolsonaro desde que ele assumiu o governo, com a revelação das rachadinhas operadas pelo sargento Fabrício Queiroz. Dedicou boa parte de sua gestão à costura de uma rede de proteção para a sua família e amigos próximos. Foi, assim, que detonou o ex-ministro Sérgio Moro, interveio na PF, entregou o poder ao Centrão e travou brigas no Judiciário.
Ao perder a reeleição, mesmo com um escandaloso uso da máquina pública, e não conseguir apoio no Alto Comando do Exército pra virar a mesa, sua situação se complicou. A baderna de seus seguidores nos ataques às sedes dos Três Poderes da República tornou sua condição insustentável. A punição do TSE, bola cantada há meses, é só o início do calvário que vai enfrentar no Supremo Tribunal Federal.
Segundo bolsonaristas, o dilema de Bolsonaro que gostaria de seguir batendo em ministros do STF é que se usar essa tática que tanto sucesso fez no passado entre seus devotos seguidores pode complicar a sua já precaríssima situação na Justiça. É o velho ditado: se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega.
A conferir.