Os filhos políticos de Jair Bolsonaro tornaram-se recordistas de votos e celebridades nas redes sociais. Tudo que falam ou postam tem ampla repercussão. Quase todos os dias um deles diz algo no mínimo inconveniente que gera problema aqui e no Exterior. Isso tem incomodado integrantes da equipe de transição, acionados para apagar os focos de incêndio.
Algumas peculiaridades complicam a situação. São todos políticos com mandatos, acostumados a dizer o que pensam nem sempre medindo as consequências — só que antes passavam quase despercebidos. O próprio Jair Bolsonaro ainda não está muito a vontade com tanto holofote. Quando ele tem que explicar alguma bobagem dita por Eduardo ou Carlos — o primogênito Flávio, eleito senador, é mais cuidadoso —, Bolsonaro meio que passa a mão na cabeça do “garoto”.
Essa reação, digamos, paternal dificulta até que aliados o aconselhem a pedir aos filhos para baixarem a bola. Em seu périplo pelos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro falou a torto e a direito sobre política externa , e em uma reunião com investidores deixou no ar a possibilidade da Reforma da Previdência não ser aprovada. Causou, evidente, um grande embaraço aqui e lá fora. Jair Bolsonaro, mais uma vez, pôs panos quentes, dizendo ter sido apenas “um equívoco do garoto”. Mais um.
Por sua vez, o vereador Carlos Bolsonaro, que quase virou ministro, parecia ter saído de cena depois de se meter, sem nenhuma cerimônia, em searas alheias na montagem do novo governo. Ele anunciou que estava se afastando da transição e retomando o seu mandato na Câmara Municipal. Qual o quê.
Nessa quarta-feira à noite, postou em seu Twitter: “A morte de Jair Bolsonaro não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após a sua posse! É fácil mapear uma pessoa transparente e voluntariosa. Sempre fiz minha parte exaustivamente. Pensem e entendam todo o enredo diário!”.
Teve gente que nessa madrugada deu tratos à bola com esse tuíte do filho Carlos, que tem mais de 650 mil seguidores. O que militares e policiais ligados ao futuro governo até aqui deixavam transparecer era o receio de um novo atentado contra Bolsonaro por parte de facções criminosas, o que motivou o reforço de sua segurança. O post de Carlos, se não for uma mera paranoia, ao se referir “aos que estão muito perto” deixa uma intrigante dúvida no ar.
A conferir.