No Brasil a impunidade é mais genética do que em outros países democráticos mundo afora. Aqui segue intacta a cultura do carteiraço, em que regras e punições legais são aplicadas de acordo com o status dos acusados. Quando o STF, em mais uma virada de jogo interna, atendeu ao lobby dos advogados de crimes de colarinho branco
e carimbou a Lava Jato como criminosa, anulando as punições a Lula, anos de apuração pela PF e MPF, e decisões nas mais variadas instâncias judiciais, entraram na berlinda.
Firula aqui, firula acolá, o STF deu o start para uma anistia ampla, geral e irrestrita para os grandes corruptos com dinheiro público. Até os que confessaram crimes estão sendo beneficiados pela porteira que Gilmar Mendes abriu com o beneplácito da maioria de seus colegas. Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Antonio Palocci e toda a galera que meteu a mão nos cofres públicos, passou a surfar na mesma onda.
Pipocam país afora decisões judiciais, supostamente embasadas numa hipotética jurisprudência do STF, que restabelecem a histórica regra de que a condenação de quem tem grana e poder é uma curva fora da linha no Judiciário. O jogo jogo desde a colônia, império e as mais variadas repúblicas começa com a distinção entre perdedores e vencedores. São cartas marcadas.
O baile da impunidade que não é mais surpresa pra ninguém parece piada nas rebuscadas justificativas para detonar as mais variadas suspeitas de picaretagem. Nessa segunda-feira (17), a juíza federal Fabiana Alves Rodrigues, da décima Vara Criminal de São Paulo, acatou alegações do Ministério Público Federal e arquivou o inquérito que investigava o empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, por supostos repasses ilegais da Oi para empresas do grupo Gamecorp.
Para quem não se recorda, foi quando Lula justificou o espetacular sucesso empresarial do filho com a inesquecível comparação de Lulinha com o craque Ronaldinho. Fora o deboche, uma piada pronta.
Na sua decisão, a juíza Fabiana Rodrigues acatou o parecer do MPF embasado na polêmica decisão do STF, que anulou no atacado as mais variadas decisões do ex-juiz Sérgio Moro. Tudo o que foi colhido nas quebras de sigilo fiscal, bancário, telemático e telefônico foi pro lixo. “O próprio MPF afirma que, com a exclusão dessas provas ilícitas, não remanescem elementos indiciários de prática criminosa a justificar o prosseguimento das investigações, o que impõe o arquivamento dos autos”, sentenciou a juíza.
Evidente que esse liberou geral de corruptos que roubaram à luz do dia, e no escondidinho da noite, merece ser passado a limpo na campanha presidencial.
A conferir.