Orlando Brito era nosso super-herói indestrutível. Estava presente em todas as horas – fazendo arte e reportagem com suas fotos inigualáveis, trabalhando incansavelmente para postar suas fotos e ilustrar nossos textos, sendo o amigo solidário e companheiro de todas as horas. Era super-herói porque levava as lambadas da vida, sacudia a poeira e, no outro dia, estava lá: invencível.
Há algum tempo, Brito foi agredido na Praça dos Três Poderes, em frente ao Planalto, por um bando de bolsonaristas hidrófobos. Por coincidência, ao lado do nosso Dida Sampaio, outro às da fotografia, que nos deixou há poucos dias. Lembro que o Brito ficou muito abalado, não do ponto de vista físico, mas chocado pela violência cometida contra um jornalista, contra o jornalismo.
Mas nada o desanimava, e no dia seguinte estava lá o Brito, mais entusiasmado do que qualquer foca, na cobertura do Planalto, do Congresso, de onde quer que houvesse notícia, que captava com as lentes mais sensíveis que já existiram no Planalto Central. As lentes e o coração – e, nesse quesito, cada amigo tem sua história particular para contar sobre a generosidade do Brito.
O que dizer quando morre um super-herói do jornalismo? Nosso mundo parece desabar. Penso no que o Brito estaria pensando das grandes homenagens que começa a receber. Eu, particularmente, gostaria que muitas delas tivessem sido prestadas em vida, para aliviá-lo dos problemas e dar a ele a noção de como era amado. Em sua generosidade e humildade de artesão da fotografia, acho que ele não conhecia sua própria dimensão. Nem todo super-herói sabe que é super-herói.
Encerro por aqui esse texto, e, pela força do hábito, me passa pela cabeça que preciso fechá-lo logo no wordpress para…que o Brito possa ilustrá-lo. Vai ser difícil, porque ele mudou de área. Está lá, com o Dida, fazendo fotos do Criador.