Lula abriu seus dois discursos de vitória com agradecimentos à senadora Simone Tebet, sua adversária no primeiro turno. Não foi à toa. A opção de Simone e de uma penca de gente que pensa como ela pode ter sido decisiva no mais apertado resultado eleitoral em uma eleição presidencial desde a redemocratização do país. Mais pode ser ainda mais relevante.
Lula vai ter quer encarar o avanço sem precedentes da Câmara e do Senado sobre o Orçamento da União, o tal Secreto. Rodrigo Pacheco, candidato à reeleição para a presidência do Senado, se receber o apoio do novo governo, topa negociar sem maiores contrapartidas. Na outra ponta do Congresso, no tapete verde da Câmara dos Deputados, Arthur Lira barganha por sua própria reeleição e, de alguma forma, quer manter seu apoio parlamentar por algum esdrúxulo controle do Orçamento da União, mesmo que menos secreto.
É aí que entram em variadas franjas parlamentares políticos mais ou menos alinhados ao centro representado por Simone Tebet, que rejeitam Bolsonaro e Lula. Eles podem ou não ser decisivos na aritmética que somam maioria e minoria na Câmara e no Senado. Mesmo porque o histórico em todos os governos mostra que o Centrão, como sempre esteve, está à disposição de barganhas que lhe assegurem algum nicho de poder.
O maior erro político de Lula quando chegou ao poder, em janeiro de 2003, foi desprezar uma aliança com o centro democrático que também põe valores na negociação. Optou por comprar no balcão de negociatas no Congresso o apoio dessa turma do Centrão. Deu no que deu. Primeiro no Mensalão, depois no Petrolão.
Sua chance de virar o jogo, resgatar sua história e fazer um necessário governo diferente é Lula apostar de verdade nesse namoro com Alckmin, Simone Tebet, Marina Silva e todos que seguem nessa mesma balada. Se fizer, pode abrir uma avenida pro futuro.
A conferir.