Passeando pelo Twitter me deparo com vídeos de “patriotas” que ainda acreditam que Lula não vai governar. Pior, uns dizem que o general Heleno é o novo presidente. Há publicações em que pessoas exaltam a inteligência de Bolsonaro, que, para eles, arquitetou sua ida para os Estados Unidos, deixou Heleno por aqui, até a volta triunfal do mito.
Muitos apoiadores se mostram decepcionados com a fuga do ex-presidente, que deixou os manifestantes completamente à deriva. Mas ainda existem aqueles que não conseguem admitir que ficaram órfãos e teimam em ver virtude nas atitudes covardes de seu ídolo.
A fuga de Bolsonaro me lembrou aquela cena icônica do último capítulo de Vale Tudo, exibido em 6 de janeiro de 1989.
Essa novela de Gilberto Braga marcou época. A personagem Rachel, interpretada por Regina Duarte, representava o Brasil do bem, o que acreditava na capacidade de progredir através do trabalho, o que valorizava a honestidade, a empatia e a bondade.
Maria de Fátima, a filha de Rachel, interpretada por Glória Pires, representava o Brasil que quer ser rico a qualquer custo. Ela se aliou a quem não prestava para dar golpe no herdeiro milionário e assim ascender na vida.
Odete Roitman era o retrato da elite preconceituosa que detesta pobre e classe média. Acabou assassinada por Leila, vivida por Cássia Kiss.
Por ironia do destino, Regina Duarte, que representava na novela o Brasil bom, e Cássia Kiss, que matou a ricaça arrogante, hoje defendem o tipo de governo que se aliava ao mundo do preconceito e da intolerância.
Marco Aurélio, interpretado por Reginaldo Faria, após aprontar muito, fugiu do país com uma mala de dinheiro dando uma banana para os brasileiros.
Mais ou menos como Bolsonaro fez com os patriotas. Ou alguém duvida que ele está passando muito bem em sua estada na Flórida?