Quem palpita sobre política e futebol tem que manter alguma narrativa mesmo quando não tem o que falar. É o preço da alta demanda. Em ambos casos, a saída mais fácil é a estatística, que aparenta neutralidade e não compromete ninguém. O problema, como diagnosticou Roberto Campos na mais clássica comparação, é que a estatística, a exemplo do biquíni, esconde o essencial.
Quem tenta entender o que é árvore ou floresta nos resultados nas nossas eleições municipais pode ter leituras diversas. Algumas são óbvias. Bolsonaro e Lula perderam. Até pelo mesmo fenômeno: O recado das urnas nessas eleições foi uma rejeição a essa polarização que nos últimos anos deu as cartas no país.
Como no futebol, em que a leitura estatística virou febre, na política chega perto do desastre. O desempenho de partidos do Centrão que apostou grana e obteve bons resultados em pequenos municípios país afora só influencia eleições estaduais futuras, seu maior impacto é na importante formação de bancadas na Câmara dos Deputados. No grande jogo pela Presidência da República nem cócega faz.
Mas faz impacto nas estatísticas. Nessa numerologia, meu Morrinhos, por exemplo, se iguala a São Paulo. É conta de doido. Nessa segunda-feira, outro exemplo, meu Vasco da Gama perdeu do Ceará de goleada, por 4 a 1, no templo de São Januário. Derrota merecida. Mas, pelas estatísticas, teve mais tempo de bola.
É assim que o mundo gira na vida real. A boa fotografia em algum momento pode virar um borrão na imagem seguinte. O click dessas eleições é um sinal disso.
A conferir.