Para quem olha de fora as igualdades são mais perceptíveis que as diferenças. Colocar Lula e Bolsonaro no mesmo saco com razão soa como heresia. A opção de um deles pelo genocídio com certeza é a principal linha de corte. A aposta em bolsas assistenciais às camadas mais pobres da população, em momentos de baixa popularidade, sempre justas, parece ser uma receita para dar certo. Foi assim no Bolsa Família e também no primeiro Auxílio Emergencial.
O problema é quando até o socorro soa falso. O novo auxílio bancado pelo governo Bolsonaro chega tarde, defasado, e carimbado como impostura. Tomara que alivie a fome espalhada pelas áreas urbanas Brasil afora. É um repeteco das mesmas jogadas de sempre às vésperas das eleições: algumas tiram tapumes e exibem obras (método consagrado pelo ex-prefeito do Rio César Maia), outras historicamente mais consagradas são as distribuições de algum de benefício para os eleitores.
Foi o Bolsa Família que salvou Lula depois do tombo no Mensalão. O auxílio emergencial resgatou Bolsonaro no auge do buraco da pandemia do coronavírus. Feitos circunstanciais com durações diferentes. O que Bolsonaro ganhou em 2020, perdeu em 2021, e de alguma forma resgatou o que Lula ganhou e perdeu anos atrás. O que em tese, se a disputa for apenas entre eles, vira um jogo em quem ganha ou perde mais com os próprios passados.
Daí a aposta de ambos em serem adversários no primeiro ou no segundo turnos. Um acredita que será vitorioso se o oponente for o outro. Simples assim. Os estorvos são Ciro Gomes, João Doria e Sérgio Moro. O jogo é como tirá-los do caminho.
Por ignorarem e temerem seu potencial eleitoral, começaram a peleja por barrarem a entrada de Sérgio Moro no páreo. Ele é um perigo para os até agora favoritos por que ninguém conhece mais os malfeitos de Lula e Bolsonaro. Não é à toa que, desde já, Lula e Bolsonaro ameaçam pular fora dos debates. Querem passar uma borracha sobre uma penca de coisas que não conseguem explicar e nem justificar.
Ciro Gomes e João Doria também tem uma farta cobrança pra Lula e Bolsonaro. A conta é grande. Vai da corrupção em que ambos têm que se explicar ao genocídio que pode derreter Bolsonaro antes mesmo do jogo eleitoral ser para valer.
A conferir.