Ao ceder à pressão para recriar os ministérios das Cidades e Integração Nacional, o governo acreditava que aprovaria com facilidade, na Comissão Mista, o texto da MP 870/2019, que trata da reforma administrativa do Executivo federal. O tiro saiu pela culatra. Agora, além de não conseguir que o relatório do senador Fernando Bezerra seja votado, existe uma forte pressão para recriação do Ministério do Trabalho.
A votação do relatório será o primeiro teste de fogo do presidente Jair Bolsonaro no Congresso. Por enquanto o governo vem perdendo a batalha. Um dos pontos de discórdia entre os deputados e senadores é sobre a manutenção do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no Ministério da Justiça.
Para tentar contornar essa situação o governo aceitou recriar os dois ministérios, que serão desmembrados do Desenvolvimento Regional. Mesmo assim não houve recuo da parte do Centrão e nem da oposição. O líder do PR na Câmara, Wellington Roberto, disse que a volta do Ministério do Trabalho é outro ponto que “está pegando” para que a MP seja aprovada.
Apesar de considerar que a criação dos novos ministérios iria “cria um ambiente de maior diálogo com o Congresso”, Fernando Bezerra, que também é líder do governo no Senado, erro feito no diagnóstico. A nova confusão é para saber quem fará as indicações dos novos ministros.
O presidente Jair Bolsonaro já afirmou que a indicação do novo ministro das Cidades caberá à Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Municípios Brasileiros (FMB), que conta com 309 deputados e 30 senadores, entre os quais o deputado Adriano Baldy, que está sendo indicado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Adriano Baldy é irmão Alexandre Baldy, que ocupou a pasta na gestão de Michel Temer e atualmente ocupa a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. Filiado ao Progressistas, Maia quer que o partido banque a indicação, mas o líder da bancada Arthur Lira disse a colegas de partido que não aceita.
Outros partidos do Centão também não aceitam que a indicação seja feita por Maia e por isso estão mantendo a posição contrária a permanência do Coaf no Ministério da Justiça.
A outra queda de braço é entre o presidente do Senado, Davi Acolumbre, e o líder do governo, Fernando Bezerra. Os dois querem indicar nomes para ocupar o Ministério da Integração Nacional. Coelho gostaria de indicar o filho, o deputado Fernando Bezerra Filho, que foi ministro das Minhas e Energia do governo Temer.
Mas Alcolumbre quer indicar algum senador que o apoiou na disputa pela presidência do Senado. Mais uma vez o nome da senadora emedebista Simone Tebet aparece na lista. O pai da senadora foi ministro da Integração antes de assumir a presidência do Senado.
O certo é que enquanto as coisas não se acertam as discussões na Comissão continuam sem que o texto da MP seja votado. O prazo final para que a MP seja votada é 3 de junho.