João Doria era o estorvo em variados jogos tucanos. Alguns às claras, outros na moita. Quando nessa segunda-feira (23), ele pediu o boné e anunciou que estava caindo fora, alguns que apenas surfavam na sua rejeição parecem ter perdido o rumo. Caso de Aécio Neves que, surpreendido com a renúncia de Doria insiste em um candidatura presidencial tucana aparentemente para embaralhar o jogo na chamada terceira via.
Como num passe de mágica, a teimosia atribuída a Doria deixou de ser o principal impasse em um acerto entre os partidos que participam da tal terceira via. Nessa mesa de negociação, só ficou a candidatura da senadora Simone Tebet, do MDB. Aí a turma de Aécio resolveu embolar o jogo de novo.
“Não há sentido em um retorno a um MDB sem Ulysses [Guimarães] e na proposta subjacente de uma futura fusão. O PSDB ou surgirá das cinzas com candidatura própria ou experimentará uma eleição terminal rumo ao suicídio político-” gritou o ex-deputado Marcus Pestana, aliado de Aécio na política mineira.
Por essa ótica, Tancredo Neves não teria feito o retorno do PP para o MDB, conseguido se eleger pelo voto popular governador de Minas Gerais e depois derrotar Paulo Maluf na eleição presidencial indireta no Colégio Eleitoral. O que mais complica quando se lembra das memoráveis trajetórias de Ulysses e Tancredo é o que não se sabe sobre o comportamento de supostos herdeiros.
Pelo que foi divulgado na prestação de contas ao STF dos parlamentares que se beneficiaram do Orçamento Secreto, dos 22 deputados tucanos, 19 confessaram que entraram na farra. Dois – Alexandre Frota e Joice Hasselmann – disseram que nada receberam. Aécio Neves foi o único que sequer respondeu.
Desde que flagrado numa gravação em que pedia dinheiro ao empresário Joesley Batista, Aécio Neves passou a andar pelas sombras. Com a Justiça anulando todos os supostos flagrantes de corrupção dos caciques políticos de todos os naipes, talvez volte a circular na luz do dia.
Segundo dirigentes tucanos, o plano de Aécio é inviabilizar a candidatura presidencial da tal terceira via, o que beneficiaria Bolsonaro, na expectativa de retomar o controle do partido em maio de 2023. Tucanos de alta plumagem, como o senador Tasso Jereissati, dizem que não há chance alguma da jogada de Aécio dar certo. A aposta entre eles é que por ampla maioria os tucanos vai decidir pelo apoio a Simone Tebet.
A conferir.