No dia 22 de Agosto de 1976, o presidente Juscelino Kubitschek faleceu após sofrer acidente automobilístico na via Dutra. O Brasil parou. Brasília chorou. O velório de JK mobilizou multidões na Capital Federal. Milhares de candangos foram às ruas prestar as últimas homenagens ao presidente visionário, que trouxe o Poder para o centro do país.
A ditadura, que costumava reprimir reuniões, não conseguiu conter a multidão que chorava a morte do ex-presidente, inimigo dos militares que ocupavam o poder. Por JK os candangos enfrentaram a repressão. Carregaram o caixão nos ombros pelas ruas de Brasília. O cortejo durou horas. A caminhada entre a Catedral Metropolitana e o cemitério Campo da Esperança, no final da Asa Sul foi uma verdadeira manifestação de civismo e respeito a um líder político.
Esse dia ficou marcado na História de Brasília não apenas pela morte do fundador da cidade, mas, sobretudo pela mobilização social em plena ditadura, com certeza a maior concentração popular que ocorreu antes das Diretas Já.
Por coincidência, nasci dia 22 de Agosto. Cresci ouvindo meus pais contarem que na comemoração do meu primeiro aniversário o rádio noticiou a morte de JK, uma notícia que fez o Brasil inteiro chorar. Como filha de candango que idolatrava Juscelino, durante a minha infância inteira as comemorações do meu aniversário começavam na missa em memória do ex-presidente.
Após a morte de Dona Sarah e da Marcia Kubitschek, a família Kubitschek mudou as celebrações em lembrança do presidente Bossa Nova para o dia 12 de Setembro, concorrendo com as celebrações em Diamantina pelo aniversário natalício de Juscelino.
Mas, para Brasília, a data mais significativa é 22 de agosto, o dia em que a capital parou e os todos enfrentaram a ditadura para dar adeus ao presidente que eles amavam.
Brasília deveria homenagear JK dia 22 de agosto, aniversário de sua morte, e não 12 de setembro, como faz Diamantina, sua terra natal. Explico os motivos: duas cidades fazendo homenagem e comemorações no mesmo dia cria uma certa disputa entre os organizadores. O dia da morte não deve ser dia comemorativo? Que bobagem! O dia de todos os santos da Igreja Católica geralmente é o dia em que o santo morreu. Porque de acordo com a fé cristã, a morte é um dia de glória. E mesmo para quem não é cristão, há de concordar que é depois da morte que alguém, cuja vida teve grande relevância para a história, entra para o rol da imortalidade.
O dia 12 de setembro é o Dia do Pioneiro que construiu Brasília. Ou seja, é “Dia do candango”, o que deveria ser comemorado em Brasília com toda pompa e circunstância no aniversário natalício de JK, homenagear os anônimos e anônimas que construíram a capital federal. Já 22 de Agosto ficaria no calendário como o dia de a capital federal render honras e homenagens ao seu criador.