Bolsonaro mente e tropeça nas urnas e Covid, mas surfa na bancada do JN

Mesmo bem treinado, Bolsonaro foi mal nas mentiras de sempre, sobreviveu aos embates e até faturou na despedida da sabatina na Globo

Presidente Jair Bolsonaro durante entrevista no Jornal Nacional - Foto Reprodução Tevê Globo

A ilusão de que a entrevista ao Jornal Nacional construía ou destruía presidenciáveis já havia perdido força nas eleições de 2018, quando alguns candidatos peitaram os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. O que antes parecia um funil segue relevante na avaliação de boa parte do eleitorado. A ponto de ali baterem ponto quem preferia evitar esse teste. Casos evidentes de Lula e Bolsonaro.

Ciro Gomes e Simone Tebet

Optaram por ir para não parecerem fujões. Ciro Gomes encara como mais uma oportunidade, sabendo que, por seu estilo brigão, pode bater boca com os populares entrevistadores. Para Simone Tebet, se conseguir se sair bem, é uma excelente oportunidade para se apresentar ao país. Nessa segunda-feira (22), Jair Bolsonaro abriu o ciclo das entrevistas ao JN. Seu desempenho pode ser medido por diferentes réguas.

Se vista pelo minuto da despedida fica evidente um intenso ensaio de aproveitar cada segundo para vender o que a coordenação de sua campanha eleitoral considera pontos positivos. Passou a impressão de que se despediu por cima de supostos algozes.

Presidente Jair Bolsonaro

Mas se a medida for a parte inicial da entrevista, em que Bolsonaro mal disfarçava nervosismo, a impressão é bem diferente. Ele meio que se enrolou no imbróglio com as urnas eletrônicas, mas, mesmo depois de flagrado por Bonner sobre a mentira de não ter xingado ministros do STF, saiu pela tangente e conseguiu por um dúbio ponto final na questão.

Willian Bonner

Mesmo tendo Bonner comemorado a resposta de Bolsonaro como um compromisso com o resultado eleitoral, Bolsonaro ainda deixou no ar a possibilidade de questionar as eleições se, por seus supostos e inexplicáveis critérios, não forem “limpas e transparentes”.

Bolsonaro mentiu descaradamente sobre a pandemia.  Mentiu sobre a compra de vacinas. Quis até mostrar eficiência na tragédia de Manaus, quando a equipe do general Pazuello, em vez de oxigênio que salvaria vidas, levou remédios sem nenhuma eficácia. Para sair da defensiva, Bolsonaro, mais uma vez, tentou  constranger Renata Vasconcellos, pondo na boca dela o que ela não disse. Pareceu um reprise menos agressivo da entrevista na campanha de 2018. Mentiu, também, sobre os escândalos de corrupção em seu governo, até sobre os pastores que cobravam propina para liberar verbas no Ministério da Educação.

Em uma primeira avaliação, computados pontos positivos e negativos, o saldo da entrevista é que se não conquistou votos, Bolsonaro também não os perdeu, o que já é um bom resultado em circunstâncias claramente adversas. Mas é a guerra de versões nas redes sociais sobre seu desempenho na sabatina da Globo é que pode ou não render votos.

A conferir.

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