Tapete vermelho para Yamani, o rei do petróleo

Zaqi Yamani no Brasil. Foto Orlando Brito

Em 1982 o mundo sofria uma crise jamais vista no abastecimento de combustível. Os países do Golfo Pérsico aumentaram o preço do petróleo em 300 por cento e, dizia-se, o responsável pela ideia era o sheik Ahmed Zaqi Yamani, ministro dos Recursos Minerais da Arábia Saudita e também membro da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Era, naquela época, sem dúvida, um dos homens mais importantes do planeta. Tanto que foi o principal refém do terrorista Carlos, o “Chacal”, no cinematográfico sequestro de altos executivos de empresas petrolíferas, em Viena, em 1975.

Yamani resolveu conhecer de perto as potencialidades energéticas do Brasil, principalmente observar o audacioso Projeto Pró-Álcool, uma alternativa de combustível que mostrava ser eventual concorrente do petróleo. Para recebê-lo em Brasília o governo do general Figueiredo estendeu tapete vermelho e destacou dois diplomatas de primeiro time para acompanhá-lo em todo seu trajeto os embaixadores João Augusto de Médicis e Roberto Abdenur. No Itamaraty, condecorou-o com a medalha de Rio Branco.

O sheik veio a bordo do Boeing privado, no qual as refeições eram servidas em talheres de ouro. Eu era fotógrafo da Veja e a revista conseguiu que repórter Dácio Malta e eu embarcássemos com o rei do petróleo.  Durante uma semana, acompanhamos Yamani em seus voos pelo Brasil, de Manaus a Brasília, Foz do Iguaçu, Rio e São Paulo.

Passadas mais de três décadas, muita coisa mudou. Com a morte do rei Faissal, o sheik Zaqi Yamani – hoje oitentão – foi demitido pelo príncipe Khaled. Mudou-se para Londres, onde fundou o Centro de Estudos de Energia Global. O petróleo continua sempre motivo de crises ente países, o Brasil transformou-se no segundo maior produtor de etanol do mundo e é menos dependente da gasolina estrangeira.

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