Semana de várias crises e muitos nomes

Semana agitada na seara do Poder. Hoje o Senado tenta realizar a esperada sessão que decidirá se Aécio Neves retomará ou não seu mandato parlamentar, após ter sido afastado no mês passado pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal. Com a nova decisão do plenário da Suprema Corte que devolve aos senadores a decisão de mantê-lo na Casa, há grande expectativa a respeito de seu destino.

Aécio terá de conquistar 41 dos votos de seus 80 colegas de Senado para retornar à sua cadeira. Várias polêmicas, porém, rondam o assunto. A primeira delas é se a votação será secreta ou aberta, com cada um dos parlamentares declarando sua decisão de manter o afastamento do tucano ou por sua volta. A ausência de vários senadores pode, porém, provocar o adiamento da sessão.

Já na Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça começa a debater a denúncia contra o presidente Michel Temer, originada pelo ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, por obstrução à Justiça e participação em organização criminosa. Discussões acaloradas não faltarão. A oposição, por exemplo, insiste em substituir o relator escolhido para o processo, Bonifácio de Andrada, do PSDB de Minas, por considerá-lo aliado de Temer.

Deputados Rodrigo Pacheco, presidente da CCJ da Câmara, e José Bonifácio, relator da denúncia contra Michel

O presidente Michel Temer escreveu uma carta aos parlamentares da CCJ dizendo-se alvo de uma conspiração para derrubá-lo. Antes, seu advogado, Eduardo Carnelós, condenou a divulgação pela Câmara, dos vídeos com as delações de Lúcio Funaro, dizendo que o vazamento pretende agravar a crise entre instituições. Acabou criando clima ruim com o presidente da Casa, Rodrigo Maia, que a turma do deixa disso já entrou em campo para resolver.

Os debates acontecerão hoje e amanhã, e na quinta-feira os deputados deverão votar o relatório de Bonifácio que, muito provavelmente não acolherá a denúncia do Ministério Público Federal. Qualquer que seja o resultado, o processo segue para votação no plenário da Câmara para deliberação final dos 513 deputados. Se a denúncia de Janot não alcançar 342 votos, será arquivada, tal como a primeira, no princípio de agosto.

O assunto “novo” da semana, porém, fica para a divulgação dos vídeos da delação premiada do doleiro Lúcio Funaro à Justiça. Há acusações contra váaaaarios personagens. Ele diz, por exemplo, que o ex-deputado Eduardo Cunha, já condenado na Operação Lava-Jato e hoje preso na Penitenciária da Papuda, era quem definia para que bolsos iam as propinas, e acusa outros nomes de participação em negócios de ilegais. Geddel Vieira Lima, Joesley Batista, Romero Jucá, Renan, Henrique Alves, Gabriel Chalita, José Yunes, Jacob Barata, Jorge Picciani, Nestor Cerveró, José Zelada e outros.

No vídeo de sua delação aos procuradores da Lava-Jato, Lúcio Funaro declara que Eduardo Cunha participou diretamente no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff comprando votos de parlamentares para derrubá-la. Até cita exemplo de deputado que recebeu pagamento para votar pelo afastamento e não compareceu à sessão de cassação. Recorde-se que movimento contrário a esse também existiu, segundo o empresário Joesley Batista, que afirmou ter fornecido dinheiro para assegurar votos de parlamentares contra o impeachment de Dilma.

Dilma Roussef e Eduardo Cunha separados por Renan Calheiros. Foto Orlando Brito

A revelação de Funaro gerou em Dilma Rousseff o desejo de recuperar sua cadeira de presidente República. Seus advogados estudam a possibilidade de entrar na justiça pedindo a anulação de seu impeachment com base nas afirmações do doleiro Lúcio.

Também veio a público, as confissões do ex-deputado Pedro Corrêa, do ex PPB e hoje PP de Pernambuco, no processo da Operação Java-Jato. Diz que Eduardo Cunha “era uma máquina de arrecadar dinheiro. Um monstro. Impressionava todo mundo. Arrecadava dinheiro de todo o jeito”. E que Lula, quando era presidente, participou diretamente da indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria da Petrobrás.

Para não amenizar o clima da semana, paira no ar o desdobramento que terá a ação da Polícia Federal no gabinete e nas residências de Brasília e Salvador do deputado Lúcio Vieira Lima, em busca de indícios que comprovem sua copropriedade dos 51 milhões de reais apreendidos no aparamento de seu irmão, Geddel Vieira Lima. Tem gente morrendo de medo que Geddel, preso na Papuda, decida por também fazer delação premiada.

Há quem espere que a nova Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, conhecendo as declarações de Lúcio Funaro, apresente alguma novidade desagradável para figurões da seara do poder em breves dias.

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