Ronaldo Nazário, magrelo e famoso

Em setembro 1996, Ronaldo era a maior estrela da Seleção Brasileira que disputava a Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta. Goleador implacável, artilheiro do PSV, da Holanda. Dois anos antes, levantara a taça de tetracampeão ao lado de Romário e Bebeto, na Copa do Mundo dos Estados Unidos. Tinha 20 anos, era exemplo de atleta. Aplicado nos treinamentos, exibia invejável forma física.

Dois dias depois dessa foto, feita no Resort Biltmore, em Miami, o Brasil perderia para a Nigéria, acabando o sonho de ouro nas Olimpíadas e a vida de Ronaldo viria mudar bastante. Ele se transferiria para a Inter de Milão, depois para o Milan, para o Barcelona e o Real Madri.

Ronaldo se casaria duas vezes, se tornaria pentacampeão com a Seleção. Receberia o apelido de “Fenômeno” e melhor jogador do mundo. Lesionaria o joelho e se recuperaria de forma inesperada. Se transformaria no maior artilheiro de todas as Copas. Ficaria milionário. Se envolveria numa confusão com três travestis na noite carioca. Viria jogar no Corinthians. E, ainda, ganharia alguns quilos.
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Além de fotógrafo de premiado, o amigo Evandro Teixeira é um eterno bem-humorado. Inventa cada uma… O hotel Biltmore é famoso pelo luxo, lugar preferido de noivos ricos para as festas de casamento. Contam-se mil histórias sobre personalidades que foram seus hóspedes. Dizem que Kennedy e Jackie passaram lá várias luas-de-mel. Que Al Capone tinha suíte exclusiva na torre principal. Que tem a maior piscina particular do mundo, etc e etc.

Era véspera de jogo e dia de casamento no hotel. Na piscina, os jogadores descontraídos. No lobby, gente bem vestida, damas de honra, noivinha de branco, padres paramentados, clima festivo. Duas turistas portuguesas perguntam o que acontecia. Ao meu lado, Evandro diz que o Papa havia chegado de Roma para celebrar o matrimônio de Ronaldo.

As duas ingênuas vítimas da brincadeira de Evandro Teixeira viram o craque brasileiro de calção brincando despreocupadamente na piscina. Ao mesmo tempo em que tiravam uma foto do “Fenômeno”, diziam aflitas:

– Corre, Ronaldo, o Papa e a noiva já chegaram e cá ainda estás, pá!

Ninguém entendeu nada. Menos ainda Ronaldo. Mas Evandro morria de rir atrás das palmeiras da grande piscina do Biltmore.

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