Alckmin apedreja Temer, mas é parte da mesma Geni

Alckmin e Temer. Foto Alan Santos/PR

Acossado pela baixa popularidade e por um horizonte sombrio que vai desde uma terceira denúncia para o seu afastamento até a possibilidade de uma prisão no dia seguinte ao final do seu mandato, o presidente Michel Temer decidiu revitalizar sua imagem, numa tentativa de atrair para o seu entorno os partidos que o colocaram na cadeira de Dilma Rousseff e agora fogem dele como de um leproso.

Nesse movimento, o grande esforço de Temer para unir o centro em torno de um só postulante à sua sucessão não tem surtido efeito e os candidatos da chamado centro às eleições presidenciais de outubro procuram descolar sua imagem do impopular governo, que cravou uma rejeição de 82% no último Datafolha.

Nesse domingo, como se nada tivesse com a ascensão de Temer à chefia da nação, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin e pré-candidato do PSDB à Presidência da República afirmou que a impopularidade do presidente se deve à sua falta de legitimidade.

“É diferente de um governo eleito. Padece de uma questão de legitimidade”, disse Alckmin ao Estadão quando perguntado sobre o governo Temer.

Alckmin esquivou-se da pergunta sobre a participação do PSDB no governo Temer – em quem os tucanos depositaram todos os seus votos na Câmara dos Deputados e no Senado para colocá-lo na Presidência – e já estiveram à frente de dois ministérios.

Alckmin se defende afirmando que sempre defendeu o apoio do PSDB a Temer, mas sem ter ministério. Ele não lembrou da passagem do deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) pela Secretaria do Governo e disse que o ministro das Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), não representa o partido no governo.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ) foi outro que muito se esforçou para Temer subir a rampa do Palácio do Planalto sem a legitimidade de que hoje padece de acordo com a ainda que tardia percepção do ex-governador de São Paulo. Com sua pré-candidatura ao lugar de Temer se arrastando com 1% no Datafolha, Maia passou a fustigar o presidente e a defender, em vez da união do centro, uma aliança com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.

Sócios cotistas do governo, Alckmin e Maia se esforçam para descolar suas imagens de Temer, mas por serem parte da mesma Geni que apedrejam, são jogados para os últimos lugares nas pesquisas de opinião que medem o interesse do eleitor naqueles que pretendem ocupar, agora pelo voto, legitimamente como a antecessora de Temer, o principal gabinete do Palácio do Planalto.

MIchel Temer e o publicitário Elsinho Mouco. Foto Marcos Corrêa/PR

Em dez vídeos produzidos sob o comando do marqueteiro Elsinho Moco para serem divulgados nas redes sociais, Temer vai tentar passar a mensagem de que assumiu uma “batata quente” e que se não melhorou mais as condições do país nos seus dois anos de governo foi porque recebeu uma herança maldita dos governos do PT.

Com uma sequência de prorrogação dos prazos de investigação pela Polícia Federal e pela Procuradoria Geral da República, que mostram pouca eficiência no trabalho desses órgãos ou simples manobra para manter o presidente na berlinda, Temer, que ainda enfrenta vazamento constante do que foi em geral mal apurado e é divulgado como verdade absoluta, espera que a campanha na internet o ajude a melhorar sua posição na próxima pesquisa do Datafolha.

Se conseguir, poderá ter condições de coordenar melhor uma candidatura de centro à sua sucessão, com a provável saída de cena Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB. A candidatura do ex-ministro também se atola no Datafolha à medida que o crescimento da economia registrado sob o seu comando tende ser revertido neste ano eleitoral.

Deixe seu comentário