É impressionante a crise de identidade de todos os partidos. O passar do tempo do poder, o transcorrer de vários governos, a existência de inúmeras crises, tantos casos de posições equivocadas em relação à coletividade e desvios de fidelidade a seus programas os levou à nova onda da política: a refundação.
Isso mesmo, reinvenção ou simplesmente troca de nome. Nos últimos meses não somente os chamados partidos nanicos, mas também os maiores, estão empenhados em “mostrar cara nova” para a população. Aliás, para o eleitorado. Seus líderes, por certo, imaginam que a simples mudança de nome possa desvinculá-los de escândalos. E dar “novo visual” à sociedade.
Cogita-se que o último a aderir a essa inovação pode ser o PMDB. Há no Partido do Movimento Democrático Brasileiro — hoje presidido pelo senador Romero Jucá — quem queira também novo desenho para a legenda. Há o desejo de retornar aos heroicos tempos de Ulysses Guimarães, Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, Teotônio Vilela, Fernando Lyra, Freitas Nobre, Marcos Freire… Franco Montoro, Mário Covas, quando o PSDB ainda nem existia.
O MDB entrou para a história como o movimento democrático que fincou trincheira contra o governo dos militares e, liderado por Ulysses lotou as ruas do Brasil nos comícios da Diretas Já. Fundado em 1966, teve papel essencial como oposição durante aos militares. Em 1980, com nova legislação, ganhou a letra P, de partido.
Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação no período do Partido dos Trabalhadores no Palácio Planalto acha que para a legenda voltar a ter boa performance nas urnas precisa de novo conceito. Lembrando que o PT nos últimos tempos teve e tem imagem extremamente desgastada, exposto diariamente na mídia de maneira negativa por conta dos processos contra vários de seus grandes nomes, a despeito de José Dirceu, Antonio Palocci, do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e os processos contra Lula.
Hoje há em torno de três dúzias de partidos com registro no TSE-Tribunal Superior Eleitoral. Grande parte deles já trocaram o nome de suas matrículas antigas. É o caso, por exemplo do Podemos, que já foi PTN. E do Livres, que anteriormente era PSL. Já o Avante, era o PTdoB. O PRN, com o qual Fernando Collor se elegeu em 1989, atualmente é o PTC.
Na verdade, o sistema partidário-eleitoral brasileiro beira o caos. Em decorrência, principalmente, do grande número de legendas. E pelo que se vê, a reforma política em curso no Congresso nessa semana não corrigirá essa distorção.
Não custa lembrar que boa parcela da população está atenta aos fatos, apesar do pouco conhecimento sobre os lances da política e não estar promovendo manifestações de rua. É muito provável que, ainda assim, o resultado das urnas nas próximas eleições, em 2018, trará surpresas radicais para o futuro do País.