Oscar Niemeyer com certeza é um dos orgulhos do povo brasileiro. A maravilha de seu trabalho está viva em várias cidades do mundo e não somente espalhadas em nosso País. Brasília, talvez seja seu maior momento como artista da arquitetura, ao lado do urbanista Lúcio Costa, ambos convidados pelo presidente Juscelino Kubitschek para dar face à Nova Capital do Brasil.
Nesse mês de dezembro, o carioca Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho — nascido em 1917 e falecido em 2012 — completaria 102 anos. Fotografei-o em várias ocasiões. Inclusive na cerimônia fúnebre, quando faleceu. Desta vez, o caixão do Doutor Oscar chegava em carro aberto do Corpo dos Bombeiros e subia a rampa do Palácio do Planalto, uma de suas obras-primas. Era levado por cadetes da Guarda de Honra da Polícia Militar do Distrito Federal e observado pelos Dragões da Independência.
No ano de 1991, recebi uma bolsa da hoje extinta Fundação Vitae, de São Paulo. Meu projeto era fotografar e entrevistar brasileiros oitentões que atingiram a notoriedade. Listei em torno de cem nomes de várias áreas e percorri o país para retratá-los. Assim, estive com a escritora Raquel de Queiróz, com o sertanista Orlando Villas-Boas, o ator Grande Otelo, os compositores Zé Kéti e Mário Lago. Também o flautista Altamiro Carrilho, o poeta e embaixador João Cabral de Mello Neto, Lúcio Costa, o paisagista e pintor Burle Marx, o jogador Leônidas da Silva, o cantor Silvio Caldas, o maestro Camargo Guarnieri, o deputado Ulysses Guimarães, a ex-primeira dama Sarah Kubitschek, o cardeal Dom Hélder Câmara, o jurista Sobral Pinto, o médico Jesus Zerbini, o poeta e jornalista Mário Quintana, entre outros.
Evidentemente, da minha coleção de famosos não poderia faltar o arquiteto Oscar Niemeyer. Quando dei por concluído o trabalho, publiquei um livro que ganhou o título de “Senhoras e Senhores”. Às perguntas sobre a fama, a idade e o melhor momento de sua vida, respondeu-me:
– A arquitetura sempre me fascinou. Mas, além da profissão, as pessoas devem ter um espaço, para pensar na própria vida, nos amigos e, mais ainda, nesse país cheio de problemas, contradições e desigualdades.
– Certa vez entrei num cinema em Paris para assistir a um filme que estava em cartaz, “O Homem do Rio”. De repente as pessoas começaram a aplaudir uma cena que mostrava a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes de Brasília. Permaneci quieto, anônimo e feliz. Foi o maior elogio que recebi em minha vida.
– Não acredito nas pessoas simplesmente pelas obras que realizaram e se tornaram famosas. Não creio na vaidade. Creio na grandeza.
Orlando Brito