Esta foi uma sexta-feira recheada de polêmicas em torno do que diz o presidente Jair Bolsonaro. Já no café-da-manhã no Palácio Planalto com correspondentes estrangeiros, a primeira. Respondendo à pergunta de um jornalista sobre a pobreza, disse que não há fome no Brasil. “Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético, como a gente vê em alguns outros países aí pelo mundo”.
Um vídeo gravado no mesmo evento, mostra Bolsonaro dirigindo-se aos governadores do Nordeste como “paraíbas”. Em relação ao governador do Maranhão, Flávio Dino, comenta que “não tem que ter nada para esse cara”. Soou como ofensa e, em reação, os governadores divulgaram nota na qual dizem que receberam “com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional”.
Depois, ao fim de uma cerimônia no Ministério da Cidadania para comemorar o “Dia do Futebol”, o presidente voltou a defender a indicação de seu filho deputado Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. E mais, disse que pretende colocar filtros na produção audiovisual do País. Já havia comentado que não se pode admitir o financiamento de filmes como “Bruna Surfistinha”. Também a reação do mundo do cinema foi imediata. Diretores, produtores e artistas temem que volte o regime de censura às artes.
Na hora do almoço, um programa longe da política. Jair Bolsonaro participou de um culto religioso promovido pela igreja evangélica Sara Nossa Terra. Ao lado de pastores e do ministro Onix Lorenzoni, orou com os fiéis. Foi recebido com gritos de “mito” e, em sua fala, repetiu o que disse em outras ocasiões: “O Estado pode ser laico, mas nós somos cristãos. No meu governo, a família terá a atenção e o respeito que merece”.
À tarde, Bolsonaro recebeu no Planalto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Um dos temas da conversa foi sobre a sabatina e votação no plenário pelas quais seu filho Eduardo terá que passar quando for indicado por ele para a embaixada brasileira em Washington. Na quinta feira-feira, na festa do “200 dias de governo”, em tom de bom humor, brincou com a cor, rosa, da gravata de Alcolumbre. Na audiência de sexta, Davi compareceu sem gravata.
À noite, mereceu um editorial do Jornal Nacional, em que a TV Globo faz defesa enfática da jornalista Míriam Leitão. Segundo Bolsonaro, “foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil”.