“A Justiça Cega” é o título da estátua que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal, na Praça dos Três Poderes. Seu autor, o escultor Alfredo Ceschiatti, a batizou com esse nome para seguir a tradição de que a justiça e seus juízes têm de demonstrar inteira imparcialidade diante das decisões que recaem sobre eles.
Tal conceito espelha o perfil do ministro do STF, Teori Zavascki, falecido ontem no acidente aéreo em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro. A morte do magistrado reveste de apreensão e dúvidas em torno do processo que está sob sua responsabilidade como relator da Operação Lava-Jato.
A poucos dias do fim do recesso do Poder Judiciário, quando os ministros e todo o corpo de advogados e assessores do Supremo retomam o trabalho, o fato inesperado tira a vida de Teori. Zavascki deveria em breves dias homologar a deleção premiada de 77 executivos da Empreiteira Odebrecht, a qual, diz-se, há acusação contra nomes importantes da República.
Hoje, enquanto ainda são retirados os corpos das vítimas da queda do avião bi-motor no mar de Paraty e fazem-se mil especulações sobre as causas do acidente e também sobre o novo relator dos processos confiados ao ministro Teori Zavaski, o clima no Supremo era de consternação. A escultura “Justiça Cega” era motivo para uma foto de recordação dos visitantes que transitam pela Capital do País.
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