Doutor Itamar nasceu em 28 de junho de 1930 a bordo de um navio na costa da Bahia, mas considerava-se mineiro. Engenheiro civil, morador de Juiz de Fora, foi eleito três vezes senador. Governou Minas Gerais de 1999 a 2003. Vice de Fernando Collor de Mello, assumiu a presidência da República, substituindo-o, em decorrência do processo de impeachment.
Há dez anos, nesse mês de julho, morria o ex-presidente Itamar Franco.
Todo fotojornalista que faz cobertura de um setor da sociedade toma como norma ter o controle visual dos personagens que dele tomam parte. É assim com o pessoal que trabalha, por exemplo, com desportistas, artistas, celebridades, políticos… Mesmo sendo uma infinidade de nomes, deve cumprir o exercício de “entrar na alma” dessas pessoas, perceber seu estado de espírito, sua maneira de vestir-se e de falar, seu humor, etc. Ainda mais quando se trata de personagem importante da história.
Não era, para mim, diferente com Itamar Franco. Já tinha afinidade com sua imagem desde 1974, quando chegou ao Congresso pela primeira vez. Havia sido eleito por Minas senador pelo MDB. E também em outras ocasiões o fotografei nos comícios do movimento Diretas-Já, ao lado de Ulysses Guimarães, Mário Covas, Fernando Henrique, Lula, Montoro, Teotônio Vilela, Brizola, Dante de Oliveira, Jarbas Vasconcellos, Tancredo Neves e outros expoentes da política. E, além disso, muitas e muitas vezes quando assumiu o Palácio do Planalto e o governo de seu estado.
O jeito extrovertido e casmurro o transformava em alvo predileto das câmaras de tv, dos fotógrafos e dos colegas jornalistas de texto. Após longa ausência da cena política, Itanar estava de volta ao Legislativo. Mostrava-se feliz de mandato novo, de senador, dessa vez pelo PPS. Parlamentar de assídua e marcante presença.
Mas nesse dia, ao vê-lo no plenário, o percebi distante, isolado de seus colegas senadores, estranhamente cabisbaixo, ensimesmado. Aquele ar estranho me levou a fazer essa foto aí. Triste e surpreendente. Foi a última imagem que fiz do doutor Itamar Franco. Horas após, ele seria internado em São Paulo e viria falecer, de leucemia, aos 81 anos, em 2 de julho de 2011.
Orlando Brito