Dia de Finados – Na velha Sicília

 

Família enlutada homenageia com flores a matriarca morta, no pequeno cemitério da província de Trapani, na região italiana da Sicília. 1986.

Como foi – A Alitália resolveu fazer um livro de fotos sobre a Itália. E queria fazê-lo com fotógrafos que moravam no Brasil. Convidou o alemão Claus Meyer, o português Juca Martins, os cariocas César Barreto e Rogério Reis. Por algum equívoco, incluíram-me na lista de tão destacados fotógrafos.

A ideia era que cada um de nós colhesse cenas do cotidiano do País, sem a preocupação de mostrar as relíquias históricas já intensamente vistas, o Coliseu, o teatro de Pompéia, o Davi de Michelangelo, o Scalla de Milão etc. Ótimo. Nada como fotografar o costume dos povos, gente. Claus ficou em Roma. Juca foi para a Toscana. César para Nápoles e Rogério para Veneza. Escolhi a Sicília.

Acompanhado de dois cicerones – na verdade, uma dupla de protetores –, percorri a ilha siciliana de automóvel comuna por comuna. De Palermo a Siracusa, de Cefalú a Caltanisseta, de Ragusa a Agrigento, terra de Luigi Pirandello. Viajão! Fotografei a reverência dos fiéis ao Cristo de traços árabes em Monreale. Os pescadores de Messina. Os pastores de Enna. Pessoas todas de intensa expressão sentimental. E também as doceiras de agradável vila de Torrone, onde se inventou o delicioso doce de amêndoas com açúcar derretido.

Depois de editado o material, achei de bom senso não incluir esta aí, feita no pequenino cemitério de Trapani. Pareceu-me um tanto mórbido publicar em livro a imagem de uma família em luto depositando flores no jazigo da ancestral falecida

A reverência aos mortos remonta ao Século II, quando os cristãos se ajoelhavam nos túmulos de heróis que perderam a vida nas guerras para, assim, homenagear também os seus entes queridos mortos no último ano. Depois, com o passar do tempo, a Igreja resolveu dar maior importância e formalidade ao ato de homenagear os falecidos. Convencionou-se, assim, o Dia de Finados, tomado como feriado em quase todos os países.

Hoje, tanto católicos quanto evangélicos comparecem aos cemitérios para homenagear os mortos. É dia de famílias e amigos fazerem suas orações não somente para parentes e amigos, mas também para grandes nomes da história.

 

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