Após cinco meses de funcionamento e mais de seis dezenas de depoimentos e oitivas, a CPI da Covid está em fase conclusiva, com a leitura do relatório elaborado pelo senador Renan Calheiros. Como se viu nos últimos dias, uma enxurrada de discordâncias surgiu, após trechos vazados na mídia. Praticamente todos os integrantes da Comissão mostraram-se descontentes com o que veio a público. Depois de reuniões e longas conversas entre eles, os parlamentares, enfim, parece terem chegado a uma versão aceita por todos. Quase todos.
O relatório é extenso. São seis tópicos, cada um com mil páginas. Mas está consolidado em um resumo de “somente” 1200 folhas impressas em papel ofício. Muito provavelmente, vários senadores farão revezamento na leitura da longa peça. Versão em modo digital estará disponível no site do Senado. Ainda assim, a previsão é que consuma em torno de sete horas. Ou mais. Com certeza, haverá grande número de apartes e discursos com pedidos de correções.
É praticamente certo que, ao fim da leitura do Relatório Renan, uma ou duas peças paralelas sejam apresentadas e ou tenha pedido de vista. Segundo consta, o texto está organizado em tópicos que, baseados nas investigações e conclusões dos depoimentos, tratarão de vários aspectos do período pandêmico no Brasil: negligência do governo federal no combate à Covid, mentiras sobre o número de mortos, propaganda deliberada para a antivacinação, compra de imunizantes com suspeita de corrupção, disseminação do não uso de máscaras pela população, posição contrária ao isolamento social entre outros.
Também relata a existência de um conjunto organizado de núcleos comandado pelo Palácio do Planalto e encarregado de determinar o método de funcionamento, disseminação de fake news e estrutura de financiamento. Por fim, o documento do relator pede o indiciamento de Jair Bolsonaro — em 24 crimes — e seus filhos Eduardo, Flávio e Carlos. Além de ministros, ex-ministros, empresas e empresários, médicos, funcionários e assessores do governo, civis e militares e parlamentares.
Será um dia de nervoso. Tanto no Congresso, quanto na Esplanada dos Ministérios e no Palácio do Planalto.