Interessante… Com essa pandemia do Coronavírus, virou moda aqui no Brasil autoridades falarem mal da imprensa, mídia e jornalismo. Como se o “problema” fossem as notícias e não propriamente aquilo que está sob sua responsabilidade: os cuidados para que a população que os elegeu não seja afetada pela doença. A Informação, ao contrário do que pensam, é essencial diante de crises como esta que faz o mundo sofrer nesse momento.
Os principais especialistas em infectologia e mais autorizadas figuras que entendem do surto global Covid-19 são categóricas em afirmar que o isolamento domiciliar das pessoas é a forma mais eficaz para conter o contágio. A ciência diz que esta é a maneira primordial e primeira para conter o alastramento do mal. E não são somente as pessoas qualificadas que afirmam isto. Também a quase totalidade dos mandatários de outros países.
O mundo está, como vemos em todo momento no noticiário, “parado”, com homens e mulheres de todas as idades e as crianças em quarentena. Cada um com sua dor. Isto só foi e é possível graças à Comunicação – televisão, os blogs, sites, jornais, rádios, a imprensa, as redes sociais e as imagens, enfim. Nenhuma força do mundo moderno foi e é capaz, nesse caso, de obter tal resultado quanto a mídia.
Até hoje não se sabe o número preciso de mortes resultantes da Febre Negra, que durou dez anos e teve seu apogeu em 1353. Supõe-se que entre 75 e 200 milhões de habitantes da Europa e Ásia tenham perdido a vida. Números bem incertos, hipotéticos. Nem era sequer possível contar com exatidão a população do planeta na Idade Média. Mas com certeza, foram milhões de óbitos. Nesse tempo, a comunicação era feita ainda por mensageiros a cavalo. Ou pombos-correio com com um bilhete amarrado em suas garras.
A Gripe Espanhola foi outra pandemia que entrou para história da humanidade. Novamente calcula-se que contaminou 500 milhões de pessoas em todo o planeta. Há quem afirme que a quantidade de mortos chegou a 50 milhões. Como assim? Há cem anos era impossível contar com exatidão a quantidade de habitantes em, por exemplo, Araraquara. Nessa época nem existiam aviões a jato. Os transportes mais velozes eram os trens e os navios. Já existiam, a bem dizer, o rádio, o telégrafo e alguns jornais impressos. O telefone estava ainda engatinhando e tinha alcance limitado. Eram esses os meios de comunicação de então. Não foram, contudo, capazes de prevenir e unir a população do mundo, como hoje, para os cuidados com o contágio e importância do confinamento.
Até agora a crise do Coronavírus matou em torno de 30 mil pessoas em todo o mundo. E é certo que o número de vítimas fatais não chegará aos pés das duas outras pandemias. Proporção zero zero vírgula em relação à Febre Negra e à Gripe Espanhola.
Pode-se afirmar que a Comunicação — assim como a eficiência da medicina e as medidas tomadas por alguns governantes — tem participação primordial nesse resultado. É ela que faz chegar aos cidadãos as recomendações dos protocolos técnicos para preservar a saúde, a necessidade e importância da higiene e da quarentena. Seja pela tevê, pela página dos jornais, pelas ondas do rádio ou pelas telas da Internet e da telefonia celular, a mídia brasileira e internacional estão atuando como devem. E as autoridades?
Confundem sua atuação diante dos problemas com o justo papel da Comunicação. Talvez tenham o temor de encarar de frente a inquietação que a realidade traz. Usam a própria mídia para desqualificá-la, dizer que notícia boa não atrai interesse. É, pode ser. Assim como as falhas do seu comportamento não são algo adequado. No Exterior, líderes de governo vão à tevê ressaltar a essencial participação do jornalismo numa crise dessa dimensão.
Até agora, o Brasil contabiliza mais de quatro mil contaminados e acima de 100 mortes, vítimas da Covid19. É provável irão destinar a culpa à imprensa.
Enquanto isso, a ciência trabalha em silêncio.