A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, acrescentará à sua história uma referência reservada a poucas, pouquíssimas, brasileiras: será a terceira mulher a assumir – em seu caso, interinamente – a presidência da República.
Isto acontecerá porque o presidente Michel Temer viajará na próxima sexta-feira a Lima, no Peru, onde participará do encontro de chefes-de-Estado das Américas. Estarão lá mandatários de vários países, inclusive Donald Trump, dos Estados Unidos, além de vários outros representantes do Continente.
Segundo a Constituição, pela linha sucessória, deveria assumir o vice. Acontece que Michel Temer não tem vice, porque era o vice de Dilma Rousseff, a presidente que sofreu impeachment em 2016. Dilma, aliás, foi a primeira mulher a ocupar a cadeira principal do Palácio do Planalto, eleita duas vezes.
Nesse caso então, deveria ocupar a cadeira de Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E, na impossibilidade de este assumir, caberia ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, tomar posse do posto, ainda que de forma interina.
Porém, tanto o deputado Rodrigo Maia quanto o senador Eunício Oliveira são candidatos nas eleições de outubro próximo. O primeiro, à presidência da República ou à própria Câmara. O segundo, à manutenção de seu mandato como parlamentar pelo Ceará. Ficam impedidos, portanto, de assumirem o cargo, sob pena de tornarem-se inelegíveis. Para isto não acontecer, viajaram para o Panamá e Japão, representando o Brasil em missões oficiais.
Por isto, caberá à presidente da Suprema Corte, acumular a presidência dos dois poderes, o Executivo e o Judiciário. Cármen Lúcia, de 63 anos, assim como Dilma, nasceu em Minas.
Em 2006, a gaúcha Ellen Grace – que à época presidia o STF – também teve a primazia de assumir a Chefia da Nação, ainda que por poucos dias. Substituiu o então presidente Lula quando este viajou para a Argentina e, com ele, foram também o vice José Alencar, e os presidentes da Câmara e do Senado, Aldo Rebelo e Renan Calheiros.
Antes de Dilma Vana Rousseff, Ellen Grace Northfleet e agora Cármen Lúcia Antunes Rocha, somente a princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon e Bragança, filha de dom Pedro II, ainda no período do Império, foram tão poderesas no Brasil.