Todas as cidades têm slogan para defini-las segundo sua característica. Paris, por exemplo, é chamada de “a cidade luz”. Maceió, “cidade sol”. Nova Iorque, “a cidade que não dorme”. Gramado, “cidade jardim”. Keukenhoff, na Holanda, “a cidade das tulipas”. Campo Grande, “cidade morena”. O Rio de Janeiro, “cidade maravilhosa”. Roma, “a cidade eterna”. São Paulo, “cidade que não pode parar”. Jerusalém, “a cidade sagrada”. Recife, “cidade pequena, porém, decente”. E assim por diante.
Não é diferente com Brasília. Fazendo metáfora com o corpo humano – que é composto de cabeça, tronco e membros –, a capital do Brasil é chamada por muitos como “a cidade que é cabeça, tronco e rodas”. O traçado da cidade, com longas avenidas, torna de certa forma raro o vaivém de pedestres. Fica privilegiado o transporte sobre rodas.
O projeto que o urbanista Lúcio Costa concebeu para, com o arquiteto Oscar Niemeyer, dar formato à Nova Capital do Brasil idealizada pelo então presidente Juscelino Kubitschek, tem concepção fora do padrão das demais metrópoles do mundo. Os edifícios residenciais, porém, se compõem com os conjuntos comerciais, de maneira que os moradores não precisem vencer grandes distâncias para resolver seus afazeres domésticos.
Mas os autores do desenho de Brasília não se esqueceram de dar à cidade o caráter de bem-estar para o ser humano. E esse quesito ficou a cargo do paisagista Burle Marx, craque nas questões ambientais e do capricho com a natureza.
Os habitantes seguem de automóvel, bike, moto ou coletivos para o trabalho. Nas horas vagas, porém, aproveitam para aprimorar a forma física à sombra das árvores que emolduram os blocos de apartamentos nas Super Quadras em que residem. Respiram o ar puro de Brasília. E agora, nessa época do ano, em pleno tempo de mudança de estação, com a chegada da primavera, mesmo sem chuvas, os ipês de todas as cores, flamboyants e quaresmeiras voltam a florescer para embezar ainda mais a capital do País.
Orlando Brito