O presidente Jair Bolsonaro protagonizou nessa quinta-feira (7/05) uma agenda inimaginável. Acompanhado de uma comitiva de ministros, oito empresários e funcionários do governo, deixou seu gabinete no Palácio Planalto, cruzou a pé a Praça dos Três Poderes e foi até o Supremo Tribunal Federal. Segundo disse em entrevista aos jornalistas ao sair, o objetivo era apelar à Suprema Corte a amenização dos planos que os estados e municípios devem adotar para combater os efeitos da pandemia do coronavirus. E medidas na área da economia.
Durante o encontro inesperado, Bolsonaro fez transmissão ao vivo pela Internet de sua fala. Algo considerado inadequado. Com ele estavam os ministros Paulo Guedes e André Mendonça, da Economia e da Justiça, e os generais Braga Netto, Fernando Azevedo e Luiz Ramos. E também seu filho Flávio, senador. Nelson Teich, da Saúde, não estava presente, no dia em que no Brasil morreram mais de 600 pessoas, totalizando até agora número superior a 9 mil óbitos.
O improviso resultou constrangedor. Nomes de várias áreas viram na atitude surpreendente de Jair Bolsonaro um lance inteiramente indevido. A começar pelas críticas de ministros da própria Suprema Corte. O presidente do STF, Dias Toffoli, foi avisado de última hora da “visita de cortesia” e teve se apressar para receber séquito que acompanhava o chefe do Executivo. Ao falar no fim do encontro, Toffoli destacou que o isolamento social, ao contrário do desejo de Bolsonaro, evitou número maior de vítimas do novo coronavírus.
O governador Flávio Dino, do Maranhão, disse que Jair Bolsonaro desconhece o correto funcionamento do poder. O senador Álvaro Dias, viu como maneira de o Executivo pressionar outro poder da República. Vários líderes de partidos no Congresso também estranharam a atitude. O presidene da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, considerou as palavras de Jair Bolsonaro “metáforas incabíveis”, ainda mais sabendo-se do elevado número de mortes pela Covid-19 no país.