Não é a primeira vez que os dois senhores ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e Roberto Barroso, expõem ao público o que pensam um sobre o outro.
Em outubro do ano passado, durante uma sessão de julgamento, o plenário da Alta Corte foi o campo de apresentação de seus desafetos.
Naquela ocasião, Gilmar Mendes disse que Barroso muda de jurisprudência de acordo com o réu. E Roberto Barroso disse que Gilmar foi advogado de bandidos internacionais.
Agora trazidas à mídia pela colega jornalista da TV Globo, Andréa Sadi, as palavras da dupla de magistrados são novamente exemplo de algo pouco adequado para senhores membros da egrégia corte da Justiça brasileira.
Na sucessão de acontecimentos da demissão do delegado Fernando Segóvia da Superintendência da Polícia Federal, o ministro Gilmar Mendes cutucou o colega de tribunal Roberto Barroso dizendo que este não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Precisaria suspender a própria língua.
Em resposta, o senhor ministro Barroso retrucou: Jamais antecipei julgamento. Nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas.
Da primeira vez, a batalha de opiniões mútuas da dupla de magistrados mereceu a interferência da senhora presidente do Supremo, a ministra Cármen Lúcia. Respeitada por ambos, ela conseguiu conter os nervos de um e outro. Com certeza, ela novamente emprestará sua voz para apaziguar a crise do doutor Gilmar Mendes (62), mato-grossense, e a crise do doutor Roberto Barroso (59), carioca.