Os militares vão cumprir a ordem. Mas se sentem desconfortáveis com a decisão do Palácio do Planalto de recorrer à Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para que eles atuem na liberação das estradas bloqueadas pelos caminhoneiros. Sem nem entrar na questão política e institucional, os militares têm razões objetivas e práticas que vão dificultar a missão.
O emprego de tropas na intervenção do Rio de Janeiro exaure recursos financeiros e materiais. Em diversas regiões, sequer estão disponíveis os equipamentos – blindados e tratores – que podem ser necessários à ação de retirada dos veículos estacionados nas rodovias.
Os militares desaprovam a ausência, até agora há pouco, de uma convocação mais efetiva do governo federal aos Estados para que, por meio das secretarias de Segurança e das polícias militares, agissem no cumprimento das liminares pedidas pela Advocacia Geral da União (AGU) determinando o desbloqueio dessas vias. E atribuem a lentidão da resposta dos governadores às pesquisas de opinião, que começaram a mudar, mas vinham mostrando o apoio da população aos caminhoneiros.
No entendimento de muitos oficiais, a falta de articulação do Governo deixou a greve correr solta até o movimento atingir a dimensão que alcançou agora. Ainda ontem à noite, o Comandante, general Eduardo Villas Bôas, mobilizava os comandantes das sete regiões militares (Amazônia, Norte, Nordeste, Oeste, Leste, Sudeste e Sul) e os quartéis já estavam em prontidão ou, como eles preferem dizer, “em condições”.