Hoje, quando você for dormir, haverá 51 crianças brasileiras separadas dos pais nos EUA. Donald Trump, o atual presidente americano, decidiu que os imigrantes são um câncer que infecta a sociedade americana. Ele não se reconhece como um imigrante, mas um americano de raiz. Provavelmente, um cherokee, não o carro. Tudo isso para dizer que não vai aqui nada em defesa dessa figura execrável, que não tem o menor sentimento humanitário.
Todos os governos dos EUA sempre cuidaram de proteger suas fronteiras. Até os mais queridos em nossas terras, como Clinton e Obama. Então, deixando claro que acho absolutamente abominável essa separação de pais e filhos, além de a imagem remeter aos nazistas na Segunda Guerra, quero desenvolver outro raciocínio:
É possível qualificar ou ranquear motivos para a migração?
A realidade todos os dias joga na nossa cara as tragédias humanitárias dos fluxos migratórios. São refugiados de guerras tribais na Síria e na África. Ou expulsos de seus países por causa de governos incompetentes, corruptos e ditatoriais, como a Venezuela.
São milhões fugindo da barbárie em busca não apenas de paz, mas de comida. São obrigados a levar os filhos.
Aqui no Brasil, a realidade é diferente. Vivemos, é óbvio, uma crise, mas as instituições sociais funcionam. O Bolsa-família está em vigência; o SUS, com todas as falhas, é um grande projeto de saúde pública… A realidade brasileira é bem diferente desses países com conflitos, onde a migração passa a ser necessidade. No Brasil, a ida para outro país pode ser um desejo absolutamente natural, um direito, uma vontade, a busca de uma vida melhor. Tudo perfeito. E isso é legal, não é crime. Mas, quem tenta ir clandestinamente, sabe que a migração não é simples. Existem leis, restrições. Vencer todas as barreiras é muito difícil. Com crianças, é mais complicado ainda.
Então, somos obrigados a reconhecer, quem levou crianças para burlar barreiras sabia os riscos que corria. Os pais dessas crianças também têm responsabilidade. Nada justifica a separação, reafirmo. Entendo também o desespero.
Antes que puxem a espada do politicamente correto, digo: não sou tupinambá, e sim descendente de migrantes. Mas digo: você, pai ou mãe, tem responsabilidade também.