As coisas às vezes não são como parecem ser. Há leituras diversas, nem sempre politicamente corretas, essa meia praga que solapa a inteligência. E são vários os exemplos.
Tenho um amigo (na realidade tenho vários) que é viúvo do velho partidão. Não se identifica com qualquer outro partido e nem se conforma com autocríticas ou revisionismos. Sempre foi crítico ao PT, e, de repente, uma surpresa. Justo agora, com a chegada das netas, quando se esperava que a lucidez proporcionada pelo tempo fosse se instalar definitivamente. Mas, que nada, resolveu defender o Lula.
No início, meio sem convicção, depois passou a acreditar piamente em todas as narrativas criadas pela competentíssima fábrica de versões do PT. Virou o rei das respostas rápidas, rasas, risíveis. Agora, é capaz até de defender o nobre José Guimarães (se não souber quem é, dê uma goolgada) Por causa dele, fui apresentado ao limitado raciocínio binário: se existe safado de um lado, tem que haver do outro também. O que acabou me fazendo lembrar de um experiente parlamentar do Piauí. Ele, a velha raposa, garante que ninguém quer provar a inocência, quer apenas companhia no banco dos réus. É isso que temos visto. A inocência não é mais um objetivo, afinal, todos são culpados. Interessa apenas a prioridade na fila dos apenados.
Mas por que me lembrei disso tudo agora? Ora, porque nenhuma força política consegue emplacar uma narrativa no mínimo atraente. Não há discussão, debate. Qualquer iniciativa, de qualquer lado, é desqualificada no nascedouro. E assim vamos caminhando cheios de certezas vis. Até o calendário parece ser binário: para um lado, outubro é logo ali. Para o outro, ainda vai demorar.
No meio de tantas dúvidas, algumas poucas certezas: Lula está fora da eleição e nenhum outro candidato desponta na frente. Há ainda mais uma certeza: ninguém quer saber da Dilma. O que é uma sacanagem de quem a criou. Mas isso é tema para disciplina na UnB.
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