A maldição dos ex-presidentes retornados pegou neste sábado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como todos os seus antecessores que tentaram conquistar um novo mandato (não falamos de reeleição), foi colhido por alguma tragédia, neste caso a prisão e a inelegibilidade.
O mais trágico de todos foi Getúlio Vargas, eleito em 1950, e que deixou o palácio do Catete, no Rio, então capital, morto, suicidando-se para não ser deposto.
O primeiro deles varrido pelo destino foi o paulista Rodrigues Alves, que governou entre 1902 e 1906 e tentou voltar 10 anos depois. Eleito, dias antes da posse, foi contaminado pela Gripe Espanhola, a epidemia mais terrível que abalou o mundo no Século XX. E faleceu.
Em seu lugar assumiu o vice-presidente, o mineiro Delfim Moreira, que também teve um final melancólico, pois foi atacado por uma doença incurável que lhe provocou demência. A gestão, no seu curto mandato, entre 1918 e 1919, foi tocada pelo Ministro da Viação (hoje seria dos Transportes) Francisco de Melo Franco, que geriu a administração pública até eleição e posse de um novo mandatário, em 1919, o paraibano Epitácio Pessoa (não obstante fosse nordestino, fazia parte do ambiente da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, de São Paulo – hoje USP).
Quatro anos depois o ex-presidente Nilo Peçanha (1909/1910) tentou voltar, apresentando-se como candidato dissidente. Além de derrotado pelo mineiro Arthur Bernardes, nas eleições de 1921, os desdobramentos produziram fatos gravíssimos, como o levante dos tenentes da Artilharia do Exército, em 1922, os célebres 18 do Forte de Copacabana.
Nilo Peçanha é o único presidente negro da História do Brasil. Nessa campanha, um de seus antecessores e que o apoiava, o marechal Hermes da Fonseca (1910/1914), então presidente do Clube Militar, foi o pivô, junto com o general Joaquim Cardoso (avô de FHC) desse levante militar que, no seu desenvolvimento, gerou a Revolução de 1924 em São Paulo, a Coluna Prestes no Rio Grande do Sul, e a Revolução de 1930. Nilo morreu um ano depois, em 1924, banido da vida política.
Em 1930 o então presidente, Washington Luís, deposto pelo movimento liderado por Vargas, ficou preso algumas horas, custodiado pelo cardeal arcebispo do Rio, Dom Sebastião Leme, até deportado por via marítima para um exílio na Europa.
O “maldito” seguinte foi Getúlio Vargas, eleito em 1950, depois de governar o país como chefe revolucionário, presidente constitucional e ditador, entre 1930 e 1945. Seu ostracismo foi pontuado por fortes acusações de improbidade durante seus governos. De sua queda até a eleição, permaneceu submerso em sua fazenda na longínqua fronteira do Rio Grande do Sul com Argentina, somente emergindo para se candidatar menos de seis meses antes do pleito. Numa campanha fulminante venceu as eleições, tomou posse e governou três anos, mas foi derrubado e se suicidou para não entregar o poder a seus adversários.
O sucessor de Getúlio, João Café Filho, também foi deposto e amargou uma prisão domiciliar, em 1955. Não foi recolhido ao quartel da Vila Militar porque já estava com a saúde debilitada, morrendo logo em seguida.
Depois dele, Juscelino Kubistchek lançou-se padra novo mandato em 1960, com sua campanha JK 65. O projeto fracassou. Segundo os historiadores, sua vitória iminente foi uma das razões para o golpe militar de 1964. Entretanto, ele fez um acordo com os generais vencedores, tanto que botou seu melhor amigo e parceiro de vida política, José Maria Alckmin, como vice-presidente de Humberto Castello Branco. Mineiro, Alckmin fora ministro da Fazenda comandando no setor financeiro o projeto “50 Anos em 5”, que denominou o período de maior crescimento econômico e transformações do pós-guerra.
O sucesso de Juscelino, Jânio Quadros, depois de cassado e reabilitado, retornando à prefeitura de São Paulo, lançou-se candidato para as eleições de 1989, pelo PSD. NO entanto, não pode seguir à frente, pois sua saúde deteriorou-se rapidamente e ele teve de se afastar definitivamente do cenário, até 1994, quando morreu.
Nenhum conseguiu voltar.
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