O deputado federal Luís Carlos Heinze (PP/RS) respondia terça-feira que não é, não foi, nunca pensou e não sabe quem inventou sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. Essa negativa, dita na reunião semanal da Frente Ruralista, em Brasília, é muito significativa porque expressa na prática a decisão dos Progressistas de não se meter em campanhas majoritárias, concentrando-se na formação de grandes bancadas nos parlamentos. A decisão é de não dispersar recursos.
Essa é uma tendência geral dos partidos intermediários, pois fora os hegemônicos PT e PSDB, que têm obrigação de apresentar cabeças de chapa, todos os demais estão botando seus pré-candidatos na balança, mesmo aqueles que chegaram a nomes bem indicados nas pesquisas. Ora dessas legendas, nada é certo. Por fora, não obstante, corre Ciro Gomes, do PDT, pescando nessas águas revoltas. O olho gordo dos donos de legendas está nas cadeiras de assembleias, Câmara e Senado. É o que explica o troca-troca da janela partidária.
Voltando ao exemplo rio-grandense, a decisão parece ser de “não gastar pólvora em chimango”, metáfora gaúcha lembrando o pássaro desprezível, que não vale o desperdício de munição. Heinze surgiu como uma opção bem adequada ao antigo formato, dos tempos do financiamento liberado. Mas perdeu a vez. O partido botava fé em Heinze, chegando a iniciar a montagem de uma equipe de campanha sob o comando do marqueteiro Michele Caetano, o mesmo que foi responsável pela campanha da senadora Ana Amélia (PP/RS), em 2010. Entretanto, diante do objetivo estratégico, o esquema foi desarmado.
O PP do Rio Grande do Sul vai concentrar suas forças na reeleição de sua senadora, que lidera as pesquisas ao lado do senador Paulo Paim, do PT, ambos com os mesmos 24% de intenção de votos. Esta é uma posição coerente com a estratégia nacional do partido: se dispersar recursos, pode ser que os dois majoritários percam. Então os progressistas ficam com a senadora que, além de seu potencial (dizem que está reeleita) é uma demanda do PP nacional, que não abre mão de sua participação no Senado, e, mesmo, outros partidos do campo centro-liberal que conclamam os pepistas a mandar Ana Amélia de volta para Brasília porque ela é peça importante nos embates políticos nacionais.Então Heinze saiu da raia.
O mesmo ocorre nos demais partidos que se movimentam no cenário. A hesitação de Joaquim Barbosa de assumir a candidatura e montar no cavalo que, aparentemente, passa encilhado à sua frente foi a mesma de Heinze, no PP. Há recursos para sustentar essa candidatura?
Na celebre reunião em Brasília com os governadores do PSB, o ex-ministro levou um balde de água fria. Para os titulares dos governos estaduais, que estão com a chave do cofre, a prioridade é outra: manter o poder em seus estados e assegurar as posições para seus filiados. Nada contra o ex-ministro, entretanto ele teria de superar a concentração de recursos nas campanhas estaduais.
Jair Bolsonaro, é outro pré-candidato bem colocado nas pesquisas quantitativas, mas que tem pela frente uma legião de candidatos das legendas que o apoiam de pires na mão. O financiamento público concentra os recursos nos partidos majoritários. Esta é a realidade. O poder dos pequenos e médios partidos vem de suas capacidades de barganha com o poder central, tanto na República como nos estados. O toma lá-dá-cá depende de bancadas numerosas. Como diria o conselheiro: “Mais vale um pássaro na mão que dois voando”.