Dilma Rousseff no palanque tucano em MG? Parece fake, mas poderia acontecer. A situação em Minas Gerais está tão confusa que qualquer dia pode ser possível ver a ex-presidente pedindo votos para seu arquirrival Antônio Anastasia, em nome da luta contra o anunciado fascismo do capitão Jair Bolsonaro. Difícil, mas não impossível.
Em troca de um apoio tucano a Fernando Haddad, Dilma e o governador Fernando Pimentel poderiam, ambos fora do jogo, eventualmente, numa composição de segundo turno, formar ao lado dos tucanos. E assim, se veria uma cena surrealista: a ex-presidente ao lado do carrasco que puxou a corda da forca? Por isso não é descartado que a ex-presidente, em nome de um apoio a Fernando Haddad tenha de engolir esse sapo. Esse seria um exemplo de como um acerto regional pode levar a circunstâncias incríveis.
O cenário: o candidato tucano Antônio Anastasia não é uma figura intragável para o petista médio. Ele é originário do núcleo ideológico do PSDB fernandista (e covista), com um pé na esquerda, que bem poderá ter o apoio do PT se em troca levar votos a Fernando Haddad e se contribuir à derrota de Jair Bolsonaro em Minas Gerais. E, como bem sabem os derrotados do passado, quem vence em Minas ganha a eleição no Brasil. Muita coisa ainda vai acontecer até 28 de outubro.
O PT não pode nem deve se fiar em todos os resultados do primeiro turno. Uma dessas áreas de desconfiança é contar com votação maciça no Nordeste. Muita coisa pode mudar por ali. Os pragmáticos políticos da região são useiros de movimentos surpreendentes. Eleitos com apoio de Lula, muitos governadores e senadores nordestinos vencedores em 7 de outubro também podem mudar de lado. Esta é a dúvida, pois um grande eleitor de Fernando Haddad no primeiro turno foi o MDB nordestino. Isto muda a correlação de forças.
Esta é uma lógica da política brasileira: governos regionais, dependentes do poder central, não costumam ir além de certo ponto no seu antagonismo com o Palácio do Governo nacional. Portanto, é de se esperar que os reeleitos e os novos mandatários nordestinos não petistas (como Renan Calheiros, em Alagoas, ou, no Norte, Jader Barbalho, em Belém) mudem de lado, se a recandidatura Haddad derreter, pois apoiar um candidato derrotado, que sequer é de seu partido, não é norma naquela região nem prática de suas raposas. Com isto, as contas devem ser refeitas.
A verdade é que candidatos adversários do PT, eleitos ou disputando em segundo turno, já estão vislumbrando a seca que os aguarda já nos primeiros dias de mandato. O candidato Jair Bolsonaro não escondeu sua disposição. Disse que com todas as letras, na TV e na mídia, para quem quisesse ouvir: governadores de oposição darão com a cara na porta do Palácio do Planalto. Podem tirar o cavalo da chuva. Ou melhor, podem deixar o equino se molhando porque não terão colher de chá. Vida dura.