O departamento das mulheres do PSDB entrou na luta pelo espólio do partido, abalado pelas derrotas nas eleições de outubro. Na última quinta-feira a senadora eleita de São Paulo Mara Cristina Gabrilli lançou o nome da ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, para a presidência nacional do partido. Presente, o atual presidente, o ex-governador Geraldo Alckmin, acolheu com simpatia a proposta das mulheres. Seria uma forma de contornar a ofensiva do seu sucessor no Palácio dos Bandeirantes, João Dória, que vem cooptando para posições dissidentes os novos eleitos, deixando de fora os quadros históricos. Os velhos tucanos seriam partidários de um distanciamento ou, em alguns casos, oposição ao novo governo.
A candidatura da deputada federal Yeda Crusius a presidente nacional do PSDB ganha força. Cresce em todos os segmentos femininos do partido a ideia de colocar a ex-governadora do Rio Grande do Sul no comando nacional da legenda. Nessa reunião, as deputadas já apareceram com o nome de Yeda gravados nas camisetas, ou seja, em plena campanha. Além disso, a proposta começa a fazer sentido e crescer também em todos os segmentos do PSDB, entre parlamentares ainda com mandato, de estados.
O nome dela surgiu como um furacão. Terça-feira passada, numa reunião da bancada feminina no Congresso, em Brasília, a senadora eleita de São Paulo, e ainda deputada federal, lançou a ideia. Afinal, Yeda reúne condições simbólicas, por ser mulher, estratégica, por vir de um estado em que o governador eleito, Eduardo Leite, e o prefeito da capital, Nelson Marchezan Filho, pertencem ao PSDB. Também pesa o fato de ela ser um quadro de fora de São Paulo. Tudo isto somaria favoravelmente.
Entretanto, um dos objetivos principais de uma candidatura gaúcha seria estancar a hemorragia tucana que está em processo, liderada pelo governador eleito de São Paulo, João Doria Júnior. Os dois gaúchos, estariam costeando o alambrado, bandeando-se -para as hostes de João Doria. Yeda criaria um constrangimento para a deserção daqueles dois e uma garantia para assegurar a unidade do PSDB, pois faz parte do núcleo fundador histórico.
O racha do PSDB de São Paulo pode contaminar toda a agremiação. Neste sentido, já está em curso um movimento para a criação de um novo partido. Para tanto, os tucanos históricos poderiam compor numa aliança com egressos de outros partidos esfacelados para formar uma frente eleitoral com vistas às eleições municipais de 2020, como propõe senador gaúcho Paulo Paim (PT/RS). O parlamentar registrou em cartório a denominação “Frente Ampla pelo Brasil”, para organizar a oposição ao governo de Jair Bolsonaro, com o objetivo de captar apoios, propondo incluir o PT sem necessidade de protagonismo do Partido dos Trabalhadores. “Podemos ter o vice”, diz Paim.
Sobre a candidatura da deputada, em tom jocoso, alguns críticos, que não acreditam que Yeda Crusius possa chegar a comandar o PSDB e impedir o apoio dos tucanos gaúchos ao governo federal, comparam a trajetória da ex-governadora à da ex-presidente Dilma Rousseff. Como Dilma, Yeda nasceu em Minas Gerais, teve sua iniciação política em São Paulo, casou-se com um gaúcho e virou chefe política no Rio Grande do Sul.