A meta dos grandes partidos para as eleições de outubro é conquistar uma bancada acima de 50 deputados federais. 10 por cento ou mais da Câmara Baixa. Esta é a base de lançamento para um projeto de poder no novo governo, seja quem for o eleito. Este é o esforço das direções nacionais. Mesmo baleados pela Operação Lava Jato, os atuais “ Quatro Grandes” (PT, MDB, PSDB e PP) apostam que superam a meta.
Para os partidos, em geral, será uma campanha muito difícil, sem dinheiro e com forças majoritárias dispersas. Os candidatos presidenciais, governadores e senadores estarão brigando noutro ringue, nem sempre podendo auxiliar os postulantes da planície, que terão de chegar ao eleitorado amargando a máxima de campanha pobre, os proverbiais três esses: Sola de Sapato, Suor e Saliva. Missão ingrata.
Mesmo com Lula fora do páreo, o PT, hoje a maior bancada com 60 deputados, espera seguir no pelotão da frente. A exemplo do PT, o MDB encolheu no troca-troca partidário, e ficou com a terceira maior bancada. Como seu foco sempre foi eleger deputados e senadores, deve continuar entre os grandes. O PSDB também perdeu alguma musculatura na janela partidária, tropeça na sucessão presidencial com Geraldo Alckmin com sérias dificuldades para decolar, mas também aposta em continuar como uma das maiores bancada na Câmara dos Deputados.
O PP é recém-chegado na turma. Elegeu 38 deputados em 2014, usou seu polpudo fundo partidário no troca-troca e se tornou a segunda maior bancada, com 53 deputados. Sua meta é confirmar nas urnas esse crescimento, digamos, no tapetão verde da Câmara.
No segundo grupo, estão os de fora que também apostam em chegar lá. O DEM, por exemplo, elegeu 21 deputados em 2014, e no embalo das articulações de Rodrigo Maia dobrou de tamanho, tem hoje 43 deputados. Outros partidos médios identificados com o Centrão, como PR, PSD, PRB, PTB se movimentam no tabuleiro da sucessão presidencial e nas disputas pelos governos estaduais em busca de melhores condições para eleger o maior número possível de deputados. Todos sabem que o tamanho do cacife de cada um deles no próximo governo dependerá do número alcançado no Painel Eletrônico da Câmara.
Alguns deles, como o PRB, esperam se beneficiar do voto evangélico. Apesar de dispersos em vários partidos, os evangélicos acreditam que podem tirar proveito as novas regras eleitorais, inclusive as de financiamento de campanha, para eleger um número maior de deputados. Cada um por si e o Divino por todos, cada igreja com seus nomes. Depois, eles se unem nas questões fundamentais ( ou fundamentalistas?), cada qual defendendo seus interesses específicos no varejo.
O PDT, hoje um partido médio com 20 deputados, espera crescer na esteira da candidatura Ciro Gomes, um nome que pode se beneficiar da ausência da Lula no páreo e se tornar um forte concorrente pela centro-esquerda. Com Álvaro Dias como presidenciável, o Podemos, que agora pulou de 4 para 17 deputados, também quer ampliar a bancada. Já o PS encolheu de 34 para 26 deputados no troca-troca partidário. Com a perspectiva da candidatura Joaquim Barbosa, apontado nas pesquisas qualitativas como um possível fenômeno eleitoral, os socialistas sonharam em entrar no pelotão dianteiro. A desistência de Joaquim baixou a bola.
Os pequenos e micropartidos vão para as eleições com uma meta comum: ultrapassar a cláusula de barreira com alguma folga de maneira a ser competitivo nas futuras eleições proporcionais sem coligações partidárias. Sãos os casos de partidos ideológicos como o PPS, o PC do B, o P-Sol e também da Rede de Marina Silva e do PV. Pelo menos um dos nanicos sonha alto. É o PSL, cuja bancada passou de um para oito deputados, depois da filiação de Jair Bolsonaro. O partido espera se beneficiar do sucesso eleitoral do capitão para crescer nas urnas.
Outros nanicos estarão aí para catar as migalhas dos hegemônicos e dos médios, que armam o bote para partilhar o futuro governo. Na formação dos blocos pró e contra, deve sobrar alguma coisa para os nanicos, como arrumar um colo num futuro Centrão, se o novo presidente for da direita ou de Centro e até mesmo, como comprova a nossa história recente, se for de esquerda.
O que preocupa a grande maioria dos candidatos a deputados é a grana. Em muitos partidos ainda não está clara a partilha do fundo eleitoral, que será administrado pelos presidentes nacionais dos partidos. Nos partidos com candidatos a presidente, governador e ao Senado, a disputa persiste. Por enquanto é um salve-se quem puder. É briga de facão no escuro.
A conferir.