O jogo da cobra cega. Era o que parecia a assembleia de instalação do Clube Associativo de Marketing Político, o CAMP, reunidos no mezanino da Torre de TV, em Brasília. No evento, que contou com a presença dos mentores de campanhas eleitorais de todo o País não havia um só entre dezenas de profissionais do ramo que pudesse indicar um objetivo visível metros à frente. Estamos às escuras, dizia o gaúcho José Luiz Monteiro Fuscaldo, da Agência Moove, de Porto Alegre e vice-presidente da entidade.
O presidente, Bruno Hoffmann, CEO da Esplanada Comunicação Estratégica, reclamava da imagem imposta ao segmento, considerado como o responsável pela decadência política no País.
O retrato deste momento, a meses da eleição, ainda sem definições nem projetos políticos, seria a prova cabal de que o marketing não é um gerador de ideias. É apenas um operador técnico do proselitismo eleitoral. Sem políticos nem programas, o setor fica congelado e não tem como se movimentar. É o que está ocorrendo.
Os desafios dos marqueteiros, segundo se apurou nesse encontro, são, em primeiro lugar, conseguir fazer uma campanha eleitoral com candidaturas majoritárias num universo de quase 150 milhões de “clientes” sem os recursos efetivos de comunicação de massa. É uma ingenuidade, acreditem, esperar que a falta de informação levará o eleitor a uma escolha mais madura e consciente.
Em segundo lugar a categoria está preocupada em combater à demonização do marketing eleitoral levado a efeito pela mídia e pela narrativa corrente. É uma ironia que o segmento mais sofisticado e de maior alcance do setor da comunicação seja envolvido e batido por uma campanha movida por detratores amadores, que jogou sobre os profissionais do marketing toda a culpa pela deterioração da política no País. Usando uma máxima gaúcha, os marqueteiros na Torre De TV pareciam” tão desvalidos quanto um cachorro caído em mudança”. Perdidos no espaço.