O efeito Trump sobre a política monetária e cambial do Banco Central

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central. Foto Orlando Brito

Ainda é muito cedo para dizer que se é ou não consistente o movimento de fuga de capitais estrangeiros do Brasil, como vem ocorrendo nestes três dias. Mas isso pode alterar a trajetória de que de juros do Banco Central e complicar o controle da inflação.

É que, com a vitória de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, houve uma corrida para venda de títulos públicos do Tesouro Nacional, de renda fixa e ações da bolsa de valores por estrangeiros. Com isso houve aumento na procura por dólar e o seu preço subiu. O efeito inverso ocorreu com os títulos do Tesouro: com maior oferta de títulos no mercado, seu preço caiu. E as taxas de juros para quem vai comprar subiram.

Se este comportamento se mantiver no longo prazo, o Banco Central terá que rever sua política monetária e cambial para trazer a inflação para a meta traçada para 2017. Isso porque, se o Real continuar desvalorizado, é ruim para o controle dos preços e as taxas de juros terão que ser usadas para atrair recursos externos a fim de financiar parte da dívida bruta da União, que anda em torno de 68% do Produto Interno Bruto (PIB).

Mas é bom lembrar que a valorização do dólar, que parece que veio para ficar, pode trazer efeitos benéficos para os exportadores, especialmente da cadeia do agronegócio e indústria voltada ao mercado interno. Neste último caso, os consumidores devem dar preferência a produtos nacionais, mais baratos do que os importados.

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, terá que sair da zona de conforto de seu plano para trazer a inflação à meta a fim de lidar com um novo quadro na economia mundial, ainda incerto.

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Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com pós graduação em jornalismo econômico pela Faculdade de Economia e Administração(FAE) de Curitiba/PR. Repórter especializado em finanças públicas e macroeconomia, com passagens pela Gazeta Mercantil, Folha de São Paulo e Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Participou da cobertura de formulação e implementação de todos os planos econômicos do país deste o Plano Cruzado, em 1985, ao plano Real, de 1994. Sempre atuou na cobertura diárias das decisões de política econômica dos Ministério do Planejamento, Fazenda e Banco Central. Experiência em grandes coberturas de finanças como das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional(FMI), do Banco Mundial(BIRD) e Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID).