O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao dizer que vai trabalhar daqui para frente com metas nominais de gastos públicos em busca do ajuste fiscal da União, deixa duas reflexões:
1) A redução dos gastos do governo também será feita com a ajuda da inflação. Não só com corte de despesa. Isso ocorre uma vez que a despesa fica em valores nominais fixos e os impostos sobre uma base de preços em elevação. No caso de uma inflação de 10% ao ano a economia do governo, em valores nominais, será deste mesmo patamar, enquanto a arrecadação de impostos, que será feita sobre uma base de preços inflacionados, dará um ganho real ao Tesouro Nacional.
Assim, a inflação não é desejável, mas ajuda no esforço de ajuste das contas públicas, especialmente com a folha de salários que é de R$ 252 bilhões. Este ano o governo já concedeu reajustes salariais, mas para o próximo, se deixar de conceder a inflação de 2016, poderá reduzir em mais de R$ 20 bilhões os gastos reais com a folha de pessoal.
2) Meirelles não falou com todas as letras, mas deu a entender que é preciso acabar com os indexadores da economia, uma das causas de desequilíbrio das contas públicas e alimentador da inflação. Como exemplo, as regras de correção real do salário mínimo e dos benefícios da Previdência Social são causas dos atuais desequilíbrios orçamentários. Há ainda os preços indexados de tarifas de energia, água, transportes, entre outros preços administrados, que são fontes de inflação que atrapalham a formação dos preços da economia.