O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu em apenas 0,25% as taxas de juros preocupado com o comportamento da inflação, os efeitos do ajuste fiscal e o fim do ciclo benigno da política monetária americana para os países emergentes.
É uma queda que terá pouco impacto sobre o atual processo recessivo ou na tomada de decisão do investidor ou consumidor, mas sinaliza uma tendência de ajuste gradual da política monetária devido à expansão do lado fiscal. O maior beneficiado deve ser mesmo o Tesouro Nacional, que estará pagando menos juros sobre a rolagem da dívida pública.
A autoridade monetária, por outro lado, deixa em aberto as condições para uma maior redução das taxas de juros no futuro. São elas: a atividade econômica mais fraca e o elevado nível de ociosidade na economia podem produzir desinflação mais rápida que a refletida nas projeções do Copom; a inflação tem se mostrado mais favorável no curto prazo, o que pode sinalizar menor persistência no processo inflacionário; e o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia pode ocorrer de forma mais célere do que o antecipado.
Por outro lado, fatores distintos levaram o BC a ser cauteloso na redução dos juros: o possível fim do interregno benigno para economias emergentes pode dificultar o processo de desinflação; os sinais de pausa no processo de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária persistem, o que pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta; por fim, o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia é longo e envolve incertezas.