Corporativista, eu? I. Em artigo recente, William Waack disse que não é racista. Não há motivo para duvidar da afirmação do famoso periodista.
Corporativista, eu? II. Porém, a afirmação vazada (“coisa de preto”) é uma manifestação racista. A complacência com que parte do mundo jornalístico tratou o colega é fruto do corporativismo.
Corporativista, eu? III. Jornalistas são implacáveis com qualquer deslize de autoridades. Portanto, devem ser tratados com a mesma régua. Basta comparar. Se, em vez de William Waack, a expressão “é coisa de preto” tivesse sido pronunciada por um deputado ou senador, qual teria seria a reação da mídia? Pense em qualquer um, leitor.
Corporativista, eu? IV. Como escreveu a ex-consulesa da França em São Paulo no mesmo periódico, Alexandra Loras, “o racismo é sempre dos outros”.
Levy Bigodão. Quem adicionar o celular de Levy Fidelix à lista de WhatsApp poderá receber fotos e desenhos do presidente do PRTB. Entre as fotos, Levy com uma faixa presidencial. Entre os desenhos, a hashtag “#vem com tudo Bigodão!!!”.
Repensando I. O melhor cenário para pacificar a política brasileira seria aquele onde Lula fosse candidato à Presidência da República em 2018. E perdesse a eleição.
Repensando II. Acabaria a lenga-lenga da esquerda que se vale do possível impedimento de Lula disputar o pleito de outubro para denunciar o golpismo propagandístico. A sinistra teria, então, que encarar seu gigamenso desvio moral e a maior recessão da história provocada pelo voluntarismo econômico de Dilma Rousseff, a atrabiliária. Sem a escapatória, restaria à esquerda “se repensar”, na oportuna avaliação do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Repensando III. Na política, depender de um único líder geralmente não é salutar. Assim, saudável à chamada esquerda remoer seus malfeitos e, sobretudo, seus dogmas. Melhor ainda seria o improvável reconhecimento de seus erros. Mas, como consta no Manual da Sinistra, esquerdistas nunca erram.
“Talvez um dia o PT entenda
que um de seus maiores pecados
foi ter decepcionado quem nele acreditava.”
Amor desfeito I. Dois trechos de “Uma história de amor”, por Cacá Diegues. “Eu também já amei muito Luiz Inácio Lula da Silva. Quem não o amou, em algum momento de sua vida, neste país? Em 2003, assisti pela televisão à sua posse em Brasília, sem perder um só segundo daquela festa possivelmente seminal, lágrimas nos olhos por tão bela e radical transformação pacífica pela qual passava o Brasil. Quando Fernando Henrique lhe entregou com gosto a faixa presidencial, me senti vivendo a realização de um sonho de juventude, a inteligência reconhecida dando cidadania à vitória do povo pobre”.
Amor desfeito II. “Lula deixou de ser ‘o cara’, o líder popular mais atualizado que o Brasil poderia ter tido, para se tornar um chefe populista, como qualquer outro dessa maldita tradição latino-americana alimentada pelo patrimonialismo, o instrumento das oligarquias que ele tentou mimetizar. No extremo populismo latino-americano, religioso e sebastianista, os partidos se tornam seitas e seus chefes divindades que não erram. A política se desmaterializa em crenças e superstições estimuladas pelos apóstolos do chefe redentor”.
Amor desfeito III. Talvez um dia o PT entenda que um de seus maiores pecados foi ter decepcionado quem nele acreditava.
Quietos até demais. Dois silêncios perturbadores. Antonio Palocci e Geddel Vieira Lima permanecem presos e, aparentemente, sem perspectivas de soltura. Até quando suportarão as agruras do cárcere e da falta de liberdade?